Porque hoje é quinta...
e porque acordei em «cridinhas»...
«Todos os dias era a mesma coisa. Sobravam vírgulas por todos os lados. Montes e montes de vírgulas. No cinzeiro a transbordar, salpicadas pela secretária, na cadeira, no chão. Às vezes, até na própria roupa, que era a primeira coisa a sacudir quando fechava o computador. E aquelas que se entranham no teclado? Uma vez, uma vírgula ficou tão entalada entre um é e um dê, que teve que o levar ao Pc Clinic. Escrevia um livro ainda sem nome, e aquela desordem começava a empatá-la. Decidiu-se, então, por guardá-las, uma a uma, e sempre que resvalavam, para dentro de uma caixa. Assim, todas as noites, antes de se despedir do word, abria a caixa e soprava. Gostava de ver as vírgulas a voar e a dançar, aterrando no documento. Chamou ao livro Histórias de Uma Mulher Casada – a minha caderneta de episódios e vírgulas – e começou a fumar. O cinzeiro continua a transbordar mas, agora, de beatas e cinza.»
«Todos os dias era a mesma coisa. Sobravam vírgulas por todos os lados. Montes e montes de vírgulas. No cinzeiro a transbordar, salpicadas pela secretária, na cadeira, no chão. Às vezes, até na própria roupa, que era a primeira coisa a sacudir quando fechava o computador. E aquelas que se entranham no teclado? Uma vez, uma vírgula ficou tão entalada entre um é e um dê, que teve que o levar ao Pc Clinic. Escrevia um livro ainda sem nome, e aquela desordem começava a empatá-la. Decidiu-se, então, por guardá-las, uma a uma, e sempre que resvalavam, para dentro de uma caixa. Assim, todas as noites, antes de se despedir do word, abria a caixa e soprava. Gostava de ver as vírgulas a voar e a dançar, aterrando no documento. Chamou ao livro Histórias de Uma Mulher Casada – a minha caderneta de episódios e vírgulas – e começou a fumar. O cinzeiro continua a transbordar mas, agora, de beatas e cinza.»
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