29.11.06

Zonas erróneas [5]

A minha amiga C. andava louca por um colega de trabalho. Todos os dias trocavam olhares, sorrisos, mails engraçados. Até que um dia ela decidiu que aquilo tinha de avançar. Enche-se de coragem e decide convidar o "colega" para jantar fora.
Há que fazer aqui um reparo: C. era muito muito esquisita com homens. Era raro engraçar com um gajo. O Brad Pitt era "horrível", o Clooney um "cara de cimento". Todos os homens estavam cheios de defeitos. Por isso C. já não tinha namorado há quase três anos. C. até é uma mulher bonita, tem sentido de humor e tem "tudo no sítio". O pior são os nervos.
O "colega" aceita o convite e C. sai do trabalho mais cedo para se ir "arranjar". Estava tão nervosa que eu tive de ir a casa dela "ajudá-la" a escolher a roupa que ia vestir. É claro que fiquei apenas a olhar e ouvi-la a falar a mil a hora... Experimentou mais de 30 vestidos, fez 300 penteados diferentes, calçou 20 pares de sapatos. C. queria mesmo impressionar o "colega", mas ao ritmo que a coisa ia eu acho que o "colega" ia ficar mesmo impressionado era com a carrada de stress com que ela estava.
Na brincadeira digo-lhe: "Relaxa! Se não relaxas não gozas!" Pela primeira vez em duas horas vi C. a sorrir. A hora chegou e C. despediu-se de mim a correr com umas calças de ganga, uma t-shirt normalíssima e com o penteado que usava todos os dias.
Nessa noite, estava eu em casa a chorar a rir com as novelas da TVI quando toca o telefone. Era C. nervosíssima a perguntar-me se podia ir ter comigo. C. entra em minha casa com o ar mais chocado do mundo. "O que é que aconteceu?", pergunto preocupada. C. começa a contar o filme desde o início. Que se tinham encontrado numa esplanada, que viram o por do sol juntos a ouvir jazz, que ele lhe tinha dito que ela era muito bonita, que beberam umas caipirinhas, que brindaram ao amor e que, no restaurante, ele mandou vir sem hesitar uma dose de pezinhos de coentrada. E zás! Em três segundos o único gajo que em três anos conseguiu despertar o interesse de C. tinha acabado de de despenhar por um prato de pezinhos de coentrada abaixo.
Já sabem, rapazes: Não peçam pratos polémicos (tais como vieiras, pezinhos, orelheiras e afins) no primeiro jantar romântico. Pelo menos no primeiro. Vá lá.

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1 Comments:

At 4:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

A tua amiga ainda chegou ao restaurante, eu já tinha ficado na parte do pôr-do-sol ao som de jazz... ARGH!! :-S

 

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