Apelo da mainova do meio

Quando era teenager nunca comprei uma Bravo, nunca enviei a nenhum namorado nenhum daqueles postais ou peluches pirosos com frases amorosas foleiras. Aliás nunca tive nenhum namorado, a não ser um que não conta muito porque nunca fizemos aquelas coisas de namorados (sair juntos, passear, ir ao cinema).
Quando ia a casa das minhas amigas ficava sempre especada a olhar para aqueles posters muito maus com gajos (hoje quase todos gays assumidos) cheios de laca no cabelo, em tronco nu e calças de ganga rasgadas, por entre ursinhos e coelhinhos de peluche a dizer “I love you” .
Eu era teenager, mas não me comportava como uma teenager. E o problema foi esse: não soltei a "teenager" que havia em mim. E o pior é que essa teenager apareceu agora aos 30 anos completamente desvairada e fora do prazo da validade... É como a tia dizia na outra noite das danças malucas em casa da LD: "Eu não quero, mas o meu corpo quer!"
OK, não tenho posters de gajos bonzões no quarto, é certo, mas quem espreitar o meu computador encontra resmas de pastas com fotos e filmes de Cristiano Ronaldo e outros gajos mais consensuais. Vejo o programa do Cristiano Ronaldo na SIC e fico e "desfibrilar". Vejo o Quaresma em tronco nu depois da vitória do FCP e começo a "hiperventilar". Vou a uma loja/café e quero ser atendida pelo gajo mais giro. Já para não falar no episódio do portageiro (nem com o marido ao lado eu me controlo!).
Enfim, depois dos 30, passei a achar piada a esta coisa a que chamam de "flirtar" que é como quem diz "comia-te todo" com os olhos. Não me reconheço. E tenho medo disto que cresce dentro de mim, esta vontade que está a criar vida própria.
Numa destas noites parei o carro num sinal encarnado. Ao meu lado estava um carro com grupo de quatro ou cinco gajos com ar de surfistas - giros como tudo - a quem comecei a fazer olhinhos. Eles riam-se e não paravam de perguntar "como é que te chamas? Vais ao Lux?". Antes de ficar verde e arrancar ainda tive a lata de sorrir e responder: "Quem sabe..." Passei o resto do caminho parva com a minha atitude. Quem é esta louca que responde por mim?
O pior é que isto está cada vez pior. Acho mesmo que qualquer dia vou começar a mandar piropos na rua. Já não digo nada! Ou melhor, vou começar a dizer tudo! Pânico.
É por isso que aqui estou amigas. Para vos fazer um apelo, tal como a Maivelha vos fez.
Se eu começar a mandar piropos a gajos na rua, por favor sigam as instruções do post Apelo, escrito pela P.
Vou só recordar os passos:
1.º amarrem-me a uma cadeira;
2.º colem-me a boca;
3.º agarrem em mocas de rio maior;
4.º dêem-me sem pudor nem melindre;
5.º internem-me logo a seguir num lar para a terceira idade* e nunca mais falem "para" mim.
Obrigadinha!

*A mim podem internar-me num Júlio de Matos ou assim. Qualquer coisinha serve. Mas visitem-me por favor!