20.12.06

Depois dos 30

As mulheres depois dos trinta mudam muito. Para o bem e para o mal...
Nunca na vida fui muito tarada por gajos. Era raro haver um gajo que achasse piada. As minhas colegas do liceu estavam sempre a gozar comigo por causa disto. Fugia dos bate-pés, detestava que me apresentassem gajos só naquela, nunca ia para a discoteca "curtir". Eu era mesmo difícil de agradar. As poucas vezes que achava piada a gajos eram sempre mais velhos e não me ligavam absolutamente nenhuma. Era tão raro achar piada a um gajo que até cheguei a duvidar da minha sexualidade. Pelo menos durante uns tempos...
Depois dos trinta tudo isto mudou. De há dois anos para cá que não vou a lado nenhum sem olhar para os gajos. Dou por mim no Feira Nova a mandar olhinhos aos mitras e a piscar olhos a polícias novatos no metro... (esses nunca sabem como reagir!)
Parece que aos trinta virei gajo. Ou a minha cabeça virou aquilo que em miúda achava que era a cabeça de um gajo.
No outro dia, estava a entrar numa portagem da A1Norte, quando reparo que o portageiro era "muita" tesudo.
Apanho rapidamente o porta-moedas (era eu que ia a conduzir) e, sem pensar, digo ao X (o meu marido): "Agora cala-te que o gajo da portagem é muita giro!" Mas digo isto como se tivesse a dizer: "Olha, passas-me o casaco se faz favor?" ou qualquer coisa do género.
Pois bem, o marido calou-se e eu sorri e fiz olhinhos ao portageiro enquanto pagava. Ele respondeu com um sorriso malandro. Quando arrancámos, X desabafou meio a gozar, meio destruído: "O que um homem ainda tem de ouvir!" E desatamos os dois a rir.
O que vale é que ainda há um gajo no mundo que me compreende. Ou pelo menos finge que sim...

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