A Vingaça do Homem - a propósito da Plastia ao Ponto G
«A ciência, essa safadinha, só pensa em sexo. Todo dia surge uma pesquisa com alguma novidade bombástica sobre a diferença entre meninos e meninas. A última dela é a descoberta, nos Estados Unidos, da substância que faz a mulher sentir todas aquelas vibrações impublicáveis e gritar, gemer e subir pelas paredes. [...] E não é sequer uma substância charmosa, como soem ser os fluidos corporais trocados entre o homem e a mulher durante o ato. Essa substância, não. Os próprios cientistas a classificam com o escatológico nome de “peptídeo intestinal vaso-ativo”. É uma espécie de neuro-transmissor que faz misérias ao percorrer um vago nervo chamado, por coincidência, nervo vago — o qual vai do colo do útero ao cérebro da mulher, passando pelo abdômen, pelo tórax e por outros caminhos que o recato me impede de mencionar. Enfim, é isso que provoca na mulher todos aqueles fabulosos arrepios. Você não passa de um coadjuvante do peptídeo. [...] Pensando bem, a descoberta científica do peptídeo pode ter um lado positivo para o homem. Até agora, nas relações sexuais acadêmicas (sem o peptídeo), o homem sempre levava desvantagem: era o único que não podia fracassar e, pior, nem mesmo esconder o próprio fracasso. A mulher era a primeira a perceber quando o sujeito não se apresentava devidamente envernizado. Já quando ela própria não correspondia às expectativas masculinas, o homem não podia dizer nada. Mas agora pode: se perceber que a mulher está com uma excitação deficiente ou coisa assim, ele estará autorizado a dizer ou, pelo menos, pensar: “É o peptídeo, meu bem. Você está com carência de peptídeo. O seu peptídeo brochou.”»
Ruy Castro in Amestrando Orgasmos: bípedes, quadrúpedes e outras fixações animais, Objetiva, 2004
Actualização: «É seu ponto G, meu bem. Você está com carência de densidade. Seu ponto G tem que engordar.»
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