4.4.07

Fora do descanso. Uma noite hetero

Não sei a que mini-concerto vocês foram. Eu fui a este. Arrastada, diga-se de passagem. Não me apetecia nada ir. Mas, se o estupro é inevitável… relaxe e goze. E que se lixem os surfistas mal-parecidos, as fufas feias, o cheiro a cerveja, os piropos sofríveis, as piadas gastas, as luzes vermelhas, os cavalheiros de 1,90m a taparem o palco. É preciso entrar no espírito. Embora dançar. Embora abanar as cadeiras (quadris, em português do Brasil). E ao que interessa. O gajedo, que aqui não há paneleiros. Há que espiar as gajas actuantes. Feias também. Brasileiras, mas pouco. Nada de decotes, corpo moreno, coxas torneadas. Zero. T-shirts largas, cabelos despenteados, caras feias. Mas sorrisos largos. E há que explorar a plateia. Sondar as gajas, que a noite é delas. Interessam as gajas. Galam-se as gajas. Babam-se com as gajas. E, estranho, os gajos dançam, balançam. E está calor. E a música é má. E as letras hilárias. Mas dá para dançar. “I went to the beatch / The beatch was so hot / She came to me and said / Do you like the beatch, bitch? / The bitch said yeah.” A luz é vermelha, a luz é branca. Intermitente. Os corpos suados aparecem em frames descompassados. “Debaixo do lençol / Ele gemia em ré bemol.” “I’m over booking.” “I’m off the hook.” “Don’t piss in my holydays.” “I think I'm off the hook baby.” “Off the hook.” É preciso é dançar, pular. Diverti-me. Para mais, um dos cavalheiros de metro e noventa disse que esta vossa tia é que tinha a “dinâmica”. Seja lá o que isso for. Valeu, obrigada Elle. Queriam uma noite dedicada às gajas cheia de gajos giros? Também querem tudo. Contento-me como uma noite para as gajas, sem paneleiros. Estou farta deles a dar show e a serem o centro das atenções. CSS é que está a dar, e esta letra é para mim: “Hoje eu não vou sair de casa / Hoje eu não pisar na rua / Hoje eu não vou trocar de roupa / Não vou sair de casa / Hoje eu não quero ver a rua / Hoje eu não quero confusão / Hoje eu não quero ver pessoas / Não vou sair de casa / Hoje eu vou ficar ouvindo música / Hoje eu vou ficar aqui dançando / Hoje eu vou ficar aqui na minha / Eu vou ficar sozinha / Trim / Ah, não vou atender.”

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