Let's talk about sex

Nunca na vida imaginei ter um vibrador. Quer dizer, até aos 30 nunca pensei ter um vibrador. Aliás, até aos 30, não sei onde é que andava com a cabeça que nunca pensava muito em sexo. Gostava, praticava, mas não pensava muito nisso.
A partir dos 30 tudo mudou na minha vida e a única coisa que penso, além do amor, trabalho e amizade é em sexo. O horóscopo foi mesmo feito para trintonas: amor, amizade, trabalho e sexo. Está lá tudo o que interessa.
A partir dos 30 comecei a ter suores e calafrios, a ler o horóscopo com mais atenção e comecei a ter medo de ter um vibrador, com medo de não fazer mais nada na vida a não ser "vibrar".
Sempre que ia a uma "Sex Shop" ficava horas a ver aquela parafernália toda: as cores, os feitios, os tamanhos... Mas nunca ousei ter um.
Há três anos atrás, quando fui a Amesterdão, uma amiga pediu-me para lhe comprar um vibrador de uma marca específica que não havia em Lisboa. Foi a primeira vez que tive um vibrador na mão. Não sei explicar o que é que senti. Só sei que aquilo parecia mesmo verdadeiro. No verdadeiro sentido da coisa.
Passei o resto da viagem ligeiramente incomodada só pelo simples facto de ter um vibrador na minha mala. Não é todos os dias que se tem um vibrador na mala. Olhei para ele a viagem inteira. E olhem que olhei muito. Só não o usei porque ele não era meu. E, quando regressei a Lisboa, confesso que fiquei triste quando tive de o entregar à "dona".
Há pouco tempo uma amiga num jantar de gajas mostrou a sua colecção de vibradores, qual reunião de tupperware. Passámos os objectos vibrantes de mão em mão e rimos à gargalhada. Nenhuma de nós queria acreditar no que os nossos olhos e as nossas mãos estavam a ver e a sentir. Eu acho que naquele jantar todas nós desejamos - bem lá no fundo - ter um vibrador...
Ontem foi o fim de um mito: recebi o meu primeiro vibrador. Quando abri o embrulho perdi imediatamente o medo.
Agora sou uma mulher sofisticada e tenho um vibrador para o que der e vier. Se ficar viciada fiquei. Há drogas bem piores nesta vida!
Obrigada Elle!