Sonho

De repente acordei de um sonho magnífico: estávamos as quatro no Brasil, na Bahia, na Praia do Buraquinho ou lá perto. Estava calor, aquele calor, e a caipirinha sabia a lima, aquela lima. O «arrumadinho» veio a seguir, ao fim da tarde. Baseado e fez-se noite. Risos. Muitos risos. Estávamos tão felizes.
Eu sei que não devia estar a falar neste país, porque a Tia está com saudades da sua praia, mas eu sonhei com isto e tenho que partilhar isto com vocês. Nós estávamos lá todas, a Elle, a Maibelha, todas. E não era de férias não. Vivíamos lá, e tínhamos o nosso bar-sex-shop-restaurante-workshop-etc. E éramos tão felizes. Sim, eu vi pelos sorrisos das meninas e no meu à beira da piscina. Tão felizes que nós éramos.
Não é que aqui eu não seja. Feliz, quero eu dizer. Mas aqui a malta fica em «mode» queixinhas e mesmo que «agente» não seja, acaba por ficar por arrasto. Aqui é tudo mau para toda a gente. Nunca ninguém diz bem disto. Aqui há a crise, as pessoas são más, há a mesquinhice, ninguém quer trabalhar, ninguém paga impostos, os políticos só roubam. Enfim, aqui as pessoas passam a vida a dizer mal de tudo, mesmo que nesse tudo se inclua elas próprias.
Eu até gosto de cá viver e coiso e tal. Até há bem pouco tempo não me imaginava viver noutro sítio, mas as pessoas dizem tão mal disto que eu até já sonho em emigrar para o Brasil ou sei lá mais para onde.
Nesse sonho a Tia era uma espécie de Mãe de Santo do nosso bar-sex-shop-restaurante-escola-etc. Vestia-se de branco, tinha colares e pulseiras e as pessoas iam em romaria até lá só para ouvir os conselhos da Tia. A Tia atendia numa mesinha sempre com a sua caipirinha na mão.
Depois acordei de repente. E de repente já estava cá, no sítio onde dizem mal de tudo. Fui trabalhar de manhã cedo. Sete da manhã. Perto da hora de almoço, encontro uma amiga de uma amiga que começa a falar mal de Portugal, da cultura, da política, dos subsídios, etc. E eu a vomitar o país e as pessoas pelos olhos. Por todo o lado. Hoje à noite, espero sonhar outra vez com aquele sítio. Agora tenho de ir ao supermercado.
Beijos para as três e para a Maibelha que está no México!