“Fechar o balaio”
Isto começa a ser muuuito preocupante. Já não é a primeira, nem a segunda, nem mesmo a décima pessoa que oiço falar que “fechou o balaio”. Ao que parece, o gajedo por volta dos cinquenta e tal começa a fechar as pernas [eu sei, a expressão é feia]. Ou seja, morre para o sexo, fecha, desinteressa-se. Isto tem acontecido a conhecidos, desconhecidos e a familiares que fazem questão de nos comunicar. Daí, tenho andado a cismar e a ouvir com mais atenção as conversas das senhoras da idade da minha mãe, e das minhas tias. Digo-vos, o entusiasmo é nulo. Elas falam de sexo, riem com o sexo, mas apetite, tesão, nicles. Foi-se. Às vezes, penso se se lembrarão do último orgasmo. Ou dos, ou “do” mesmo. No outro dia, a madrasta de uma amiga, uma cinquentona enxuta, aproximou-se do nosso grupo e perguntou porque riamos à gargalhada. Em tom de graça, disse-lhe que falávamos de sexo, ao que ela me respondeu “o quê, ainda falam disso?”. Fiquei aterrada, a avaliar pelo tom “pretérito-mais-do-que-perfeito” há muito que devia ter fechado o dela. Isto a juntar às histórias de um pai que anda desfeito – ao que parece a geração dele fechou mesmo, e de vez, o balaio. Ele tem 64 anos e continua à cata, não desiste, mas todas lhe dizem que não estão interessadas: “Nem as mais activas, em desespero telefonei à pior, neste caso, a melhor, e ela disse-me, ‘ó filho, estou uma puta reformada, já não penso nisso’.” A ex dele, essa fechou faz tempo, por volta dos 48 – uma emancipada! E agora, ao escrever isto, ainda me lembrei de mais uma história, a da filha de outra amiga que decidiu, com doze anos, comunicar à família que nunca se iria casar. “Pra quê casar se depois é para separar?” A mãe e a avó tentaram persuadi-la dizendo que não é bem assim, e tal e coisa, ao que ela pediu para lhe indicarem um casal que ainda estivesse casado. “Os teus avós, por exemplo”, ao que ela disse, “tá, mas eles não beijam”. Dá que pensar, não?
Estou, verdadeiramente, preocupada. Quantas vezes, nestes anos de casada, já “fechei o balaio”? Sim, várias. Nós, as casadas – isto é para ti R –, temos que rever estas pequenas negas. Se é como dizem, só temos mais uns dezassete anos no activo (eu treze, bem sei, cabra) e depois, quer queiramos quer não, o balaio fecha-se. E como em 50 anos apenas gozaremos 10 horas de orgasmos, tu vê lá o que a malta anda a baixar a estatística. Pois é, deixemo-nos de números, vamos é tomar comprimidos e sais minerais, estimular a libido, arranjar estimulantes, fazer o diabo a quatro, deixarmo-nos de preguiças e vender a alma ao diabo. Porque assim não está a dar. Assim não pode ser mais. Estamos sempre a falar dos homens, mas nós temos que nos esforçar. Ainda por cima, temos uns maridos sempre “prontos”. O que é que queremos mais?
Solteira é que d’us me livre. Pipis indecisos com pilas-não-sei-se-
-meto-não-sei-se-pareça-inteligente, não há orgasmo que venha! Deixemo-nos de tretas, do que é “bom são os começos”, mais o “não me apetece indoor”. Todos os orgasmos contam e eu não quero perder o comboio. Eu não quero ser um pipi encarquilhado. Falamos muito, mas – feitas as contas – nada.
Do it, a lot, começando [ou também] indoor.
PS: Digo eu, quando sei que hoje não hipótese alguma. Eh eh.
Etiquetas: [TS]
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