19.12.07

Foda-se mais para o Natal!

Meu Natal na Bahia, sem opulência, sem exageros, sem frio, sem pai natal, sem pinheiro, sem família e sem bacalhau. Um dia a trabalhar, um banho rápido e dois telefonemas para Lisboa. Um para os irmãos: “fazes falta”, “o Natal não é o mesmo”, “temos saudades”, “gosto de ti”, coisas de que não é costume dizer. Outro para a filha, com promessas: “quando voltares fazemos o nosso Natal”. Depois, rumo ao Terreiro. Bênção aos avós emprestados e beijos à mãe-de-santo, a dona da casa, a minha amiga, por me incluir, me acolher. Alguns presentes passados, escondidos. Depois o jantar, tropical. Caruru, Xinxim, Perú, Vatapá, cerveja, coca-cola, sumos, muita fruta, brigadeiros e bolo-rei trazido por uma “portuga” que também por lá andava. Um brinde com licor de jenipapo. De seguida, a entrega de prendas. Rápida e divertida. A entrega do amigo secreto. Uma roda gigante, onde cada um descreve como vê o destinatário do seu presente, que só é entregue quando é adivinhado. Depois, soltam-se os foguetes, a pomba, e começam os batuques dos atabaques, segue-se a dança. Boa altura para me pisgar. Beijinhos, “feliz natal”, “até amanhã, na praia”. Sigo para outra casa, esta ao pé do mar, pequena e bonita, onde me espera uma família judia: “estamos esperando você para jogar”. Ah, alívio. Vinho tinto, caipirinhas, churrasquinho no lume, música brasileira, baixinho, lá no fundo. E jogar, jogar cartas até de manhã. À sueca, mas francesa, bolote e roibolote. Um salto à praia, para ver o nascer do sol. Um baseado e uma queca debaixo daquele céu, naquela praia, junto ao mar quentinho. O que se pode querer mais? Mas falta, falta-nos sempre qualquer coisa. A família, o costume, o próprio, os próximos perto. Quando temos tudo isto, sonhamos com o inverso. Foda-se mais para o Natal.

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1 Comments:

At 11:23 da manhã, Anonymous Anónimo said...

isso parece ser Freudiano cumocarago, depois de uma queca na praia uma gaja poe-se a pensar na familia!?!?!

 

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