30.3.07

Minudências

Prefiro toalhas velhas às novas e champoo sem condicionador. Elejo a Savora acima de qualquer mostarda de Dijon tal como café acima de qualquer chá. Vinagre, só do mais rasca, mais azedo. Daquele para arear bicos do fogão. Não decoro números de telefone, moradas ou matrículas. Cheiro, de sobrolho franzido, qualquer coisa antes de a comprar, comer, pegar. Sou pela erva. Abaixo o haxixe. Separo a cebola no prato. Não gosto de tomate cru. Abomino comida requentada. Detesto que fumem do meu cigarro ou bebam pelo meu copo. Certas palavras só em brasileiro. Se me acordam... sou contra, seja que programa for. Organizaria uma biblioteca por tamanho e cores. O papel higiênico tem que cair por dentro. Não sou rancorosa, só demoro a esquecer. Amo as artes. Admiro a inteligência. Fascino-me com as histórias dos outros. Venero a imaginação. Irrita-me a impunidade. Quando fico triste calo-me. Ou falo muito. Os amigos não são para todas as ocasiões. Há alturas e amigos para cada situação. Cada macaco no seu galho. Prefiro velas a flores. Combato o inconformismo com conformismo, a inércia com a hereditariedade e a injustiça com silêncio. Como chocolate com gana. Não entendo a poesia. Não gosto de conflitos nem de gritos. Fujo a massacres com auditório e de pessoas com muitas certezas. Choro sozinha. Nem bravos, nem humildes... os homens. No amor sou apaixonada, paciente, envolvente, céptica. Prudente? Disse poucas vezes amo-te. Não sei por quê. Contraponho elogios com defeitos. Deixo o telefone tocar. Amanhã mudo. Sou pelos e-mails compridos. Logo peco em prontas respostas. E adio, adio. Sou mais prática para os outros. Tenho aversão à palavra problema. Escondo-me no casulo. Enterro a cabeça na areia. Quando é para bater no fundo é para bater mesmo no fundo. Devo ser racista, tento optar pelas minorias. Tenho medo do ridículo. As tricas desgastam-me. Tenho duas famílias. A minha e a de que participo. Engulo. Quando o copo transborda, sou breve, acutilante e feroz. Perversa. Desisto de pessoas. Trago amigos há vinte anos. Odeio rótulos mas sou mestra em alcunhas. Sou contra o desporto físico. Sou preguiçosa. Gosto de mim. E do meu corpo quando estou mais magra. Rio-me à gargalhada. Sou a primeira a anunciar a minha nódoa. Não gosto de ser apanhada descalça. Gosto de limpezas de fundo. Arredar móveis, abrir caixas, limpar o intervalo dos azulejos. Sonasol verde e lixívia. Confesso, sou uma sonhadora consciente. Não quero o Euromilhões, peço o Totobola. Exijo coerência (lol). Gosto que gostem dos meus amigos. Sou ciumenta do o meu cão. Invejo a palavra certa. Namoro sinónimos e dicionários. Gostava de escrever a “tal” história. Acredito na sorte. Tudo se resolve. Sou supersticiosa. Estaciono sempre à porta. Não sei o que quero ser quando for grande. Intuição. Faro. Simulação. Maquino sem pensar. Tenho segredos. Poucas certezas. Neste momento e por agora... adoro-vos, suas putas.

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