16.12.06

Eles escolheram mal, senhor

A Fórmula de Deus, só mais uma vez e porque já há muito tempo que desisti de o ler.
Segundo a revista Veja, de 13 de Dezembro, foi atribuído a um escritor inglês o prémio literário Bad Sex, promovido pela revista Literary Review com o objectivo de "distinguir anualmente a cena de sexo mais crua, superficial, de mau gosto e gratuita em um romance". Prémio atribuído a Iain Hollingshead apenas porque os jurados não leram José Rodrigues dos Santos. Comparem.

Ela abre meu cinto. A expectativa me faz gemer. E então estou dentro dela, e tudo é branco puro quando nos perdemos em um êxtase de grunhidos e guinchos, imagens rápidas, desconexas, e explosões de milhões de pequenas partículas.
Twenty Something, Iain Hollingshead

Os seios comprimiram-se-lhe contra o peito e, sem mais se poder conter, enfiou-lhe a mão pelo colarinho do pullover até a palma se encher com aquela superfície macia e gelatinosa. Apertou-lhe a mama com desejo e lambeu-lhe a boca com mais saliva. Sentiu-lhe as mãos procurarem desajeitadamente o cinto e desabotoarem as calças até o libertarem da roupa que o aferrolhava. A fome tomou conta de ambos. Acossado pelo frio que se lhe enroscava às pernas, Tomás foi à procura do calor; levantou-lhe as saias e arrancou-lhe as cuecas, mas fê-lo com tão desastrada ansiedade que lhe rasgou o tecido.
Passou-lhe o dedo por entre as pernas e sentiu-lhe a abertura quente e húmida; era caldo a ferver. Ariana gemeu com o toque e esticou a mão, tocando-lhe com a ponta dos dedos; acariciou-o para experimentar a sua rigidez e depois pegou nele, abriu as pernas e dirigiu-o para onde lhe sentia falta. Tomás apercebeu-se daquele corpo trémulo e ofegante a convidá-lo para dentro de si e não hesitou; projectou um movimento suave e a flor, pulsando de antecipação, desabrochou.
Entrou.

A Fórmula de Deus, José Rodrigues dos Santos

Seguem-se pérolas tipo "o universo resumia-se agora a duas coisas e a duas só. (…) O ferro e o veludo, o suor e a lavanda, a prosa e a poesia, (…) unidos num movimento ritmado, moldados numa dança, (…) bailando ao ritmo dos gemidos, ele dando e ela recebendo, sempre com mais força, mais força, mais força. Gritaram. No momento em que sentiu uma explosão de cores e luzes e sensações (…) em que toda a eternidade se estendeu por um efémero e infinito instante (…) e a fusão ficou enfim completa, nesse momento de epifania."

Nunca mais irei ver o Telejornal com os mesmos olhos. Tenham medo, muito medo.

Etiquetas: