30.12.06

Quando a realidade supera a ficção

Conversas de gajas: «Foda-se… A gaja é um coirão. Porra, não bastava o cliché da amante-secretária-lá-do-escritório e ter que levar com ela nas “festas lá da empresa”, ainda é preciso descobrir que a gaja é feeeeeeeia como a merda…» «Feia, aquilo? Aquilo é um quadro de miséria. Tu já viste bem as roupitas? E a Tromba?» «Foda-se, nem a verruga lhe falta. E as perninhas? Já viste aquelas pernas? Não há pior do que joelhos juntos e calcanhares afastados.» «E o bujão? Já viste o tamanho da peida dela? E o soutien, dois números acima? E o cabelitcho, não gosta de champô?» «Porra, esquecendo a infidelidade, que não tem nada a ver com isto, o que leva um gajo a comer isto? O gajo até é giro, sei lá. Tem charme, um gajo conhecido… podia ter as gajas que quisesse, e vai-me com aquela. O que é que estes gajos têm na cabeça?» «É a teoria do está mais há mão...» «Ah, percebo, está ali à mão, mexe… salta para a chapa. Não importa se é um goraz, e um goraz sem olhos.» «Ou então entra na minha teoria: Visão sectária. Um gajo só vê por secções. Olha para uma gaja e pensa, gandas mamas. A partir daí sempre que olha para ela só vê as mamas. Não vê a merda que está toda à volta. Só vê as mamas, ou o cu, ou os olhos...» «É uma teoria, mas, conheces a outra?» «Eu conheço… Porra, outro quadro de miséria. Essa, por exemplo é só dentes. Tem uma dentuça toda esticada para a frente. Se eu fosse homem tinha medo que me fizesse bobós.» «Isso é uma das minhas teorias.» «Qual?» «É a de que elas fazem uns bons bicos…» «Gaja, acorda. Isso é um mito. Mais um mito. Não é pelos bobós que eles vão com elas. Esquece. Todo o mundo sabe fazer “bons” bobós.» «Mas, voltemos à outra, um dia vi-a na praia. Faz a apologia do corpo pêra. Estão a ver. Magra em cima e muita gorda nas ancas, com uma grande peidola. A mulher nem afundava… parecia um sempre-em-pé. E feeeeeeeeeia!» «Bem, e não é só ser feia... É feia e antipática. Do género, olha para mim, já que sou muita feia também sou muita antipática.» «Bolas, vocês não estão a ajudar. Feia e antipática, então porque vão lá?» «Sei lá, pelo intelecto é que não é... um dia apanhou um bilhetinho de uma outra que escrevia caos com “u”.» «Olha, essa deve ter qualquer coisa. Deve ser uma artista. É preciso ter imaginação para pôr “caus” num bilhetinho de amor.» «Gaja, não é nada do que estão a dizer. Eu continuo com a minha teoria. A teoria dos risquinhos no capacete. Estás a ver? O que interessa é a quantidade. Quantidade. Que se lixe a qualidade. Os gajos vão fazendo risquinhos no capacete e comparando-os com os dos outros. Ganha quem tiver mais risquinhos. Ok?» «E, eles, não gozam com os risquinhos uns dos outros?» «Não. Não ouviste o que eu disse. Quantidade. Para mais, eles não vão dizer uns aos outros: andas a comer uma gaja muita feeeeeeeia, porque senão vão ter que admitir que também têm a cota deles. Percebes?» «Porra, mas mesmo assim… Continuam sem ajudar. Por exemplo, estás a ver aquela?» «Aquela magra, de calções e botas. Aquela que é só sobrancelhas.» «Sim, aquele cinzeiro, essa é a do outro. Andava com esta há uns anos e a B sem desconfiar de nada.» «Quem, a B? Aquele avião de mulher?» «Sim. Essa, mesmo.» «Essa era, é, mesmo gira. A chamada, mulherão. Morena de olhos verdes. Vestia-se muito bem. Boazona.» «Porra, e o gajo punha-lhe os cornos com esta sobrancelha women? A mulher traça.» «Traça?» «Sim, o que fazes às traças? Não as matas pois não. Mas dás-lhes estalos e ela tem cara de quem precisa de estalos.» «Coitada da B. Olha, não entra em nenhuma das vossas teorias.» «Pois não, ele ficou com esta, não foi? Então só pode ser por amor.» «Amor? Mas ele já anda a comer outra, toda a gente sabe.» «Ainda bem que a B não está aqui para ver.» «Porquê? Ia fartar-se de rir. O gajo fez-lhe um favor. Ela agora está a viver fora de Lisboa, numa quinta com cavalos e com um bonzão 15 anos mais novo do que ela.» «Pois, mas ela é para as estatísticas.» «Como?» «É para as mulheres ficarem contentes. O par de cornos é universal, todos têm direito a eles, até as mais giras, mais boazonas.» «Que mazinha.» «Mas é verdade.» «Ok, ok. Mas mesmo assim, acho que devia haver uma retaliação ou qualquer coisa do género. Estão a ver. Um gajo não pode sair assim impune. Ok, que as relações são assim mesmo e o par de cornos é ponto assente para os dois lados. Mas tem de haver regras, caraças. Não é preciso humilhar assim uma pessoa. É preciso uma gaja assim tão feeeeia? Continuo a achar que deveria haver tipo uma APOC, Alta Autoridade Para o Par de Cornos. Estão a ver, uma tabela. Legislado. Abaixo disto não podes descer.» «Lá estás tu a baralhar as coisas. E não tem nada a ver com a infidelidade. Humilhação é para eles. Olha, a mim, bastava-me todos os dias lhe lembrar: comeste uma gaja tão feeia, mas tão feia. Até fazia cartazes que espalhava pela casa.»

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