30.6.08

Adolescentes III

PUNHADOS PELA CABEÇA, MOCAS DE RIO MAIOR! É do conhecimento geral que esta “raça” anda sempre enfadada por tudo e por nada. Andam sempre chateados, incomodados e a “bufar” por tudo o que é canto. Vai daí - estúpida, mesmo estúpida - lembrei-me de transferir algum dinheiro para a adolescente lá de casa ir comprar roupa – que ela não tem, claro. Aprendi mais uma, não existe nada que possamos fazer para os animar, nada! Mando-lhe uma mensagem a dar a boa nova, qual não é o meu espanto que quase fui “fuzilada” por ter esta lerda ideia. Estou para lá de godés, nem quero acreditar, foi como se eu tivesse dito «querida, vai doar o fígado».

Cada vez gosto mais de crianças até ao 6 anos.

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Locais a evitar

Casa da sogra
Cabeleireiro onde descobriram piolhos
Quartos de adolescentes
Carros tunning
Praias ventosas
Casas de praia sem jardim

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Para a R

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25.6.08

frase do dia

"A ética é estar à altura daquilo que nos acontece".
Gilles Deleuze

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O lutador de sumol

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23.6.08

Filhos

Isto de ter filhos com 11 anos de diferença tem vantagens e desvantagens como tudo na vida. Até agora só tinha dado pelas vantagens:
A mai velha ajuda-me com o mai novo;
A mai velha toma conta do mai novo;
A mai velha vai ao cinema com o mai novo;
A mai velha conta histórias ao mai novo;
A mai velha sai com o mai novo;
A mai velha vai buscar o mai novo ao colégio;
A mai velha brinca com o mai novo.
Enfim… esta diferença aparentava ser a estratégia ideal.

Regressei, regressei depois de 15 dias, dumas férias sem filhos nem horários nem obrigações – devia ser obrigatório. E pronto, foi quando tudo começou! A mai velha esqueceu-se de me ir buscar ao aeroporto e deixou-me a jantar sozinha. O mai novo teve uma crise “existencial” porque e nas palavras dele: “Deixei-o sozinho”; “já não o amo”; “parti-lhe o coração”; “está fraco” … e chorou durante 1h e meia. Estou bipolar, a minha mai velha até se esqueceu de mim ao meu mai novo parti-lhe o coração.

E lá se foi a estratégia ideal.

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22.6.08

Dona Florinda

Minha amiga querida P, aqui tem a foto de Dona Florinda, ela é muito bonita. Tenho saudades e a única forma de as matar é assintindo ao programa do Chaves e Chapolim colorado. Seu, Rosembau

19.6.08

Meninas, a mai belha chegou!

Cheguei. Cheia de saudades dos meus filhos, do meu amor, das minhas meninas, da minha casa, de assistir ao Euro com portugueses, do sol, da piscina do HP, da praia do G, do meu jipe, da minha terra. Adoro viajar e adoro chegar a casa!

Fui acompanhada e vim só, aparentava estar tudo bem quando parti, aparentava. Desde que cheguei que penso que deveria ter ficado, os meus irmãos a precisar de mim, um doente, outro em turbilhão. Uma reunião adiada há tanto tempo que, finalmente, chegou. Cada um na sua vida, cada vez mais velhos e mais serenos. adorei estar com os meus irmãos mais velhos.

Adorei as minhas férias, o mar de Salvador da Bahia, os baianos(as), as mangas, a comida da Glória, as geladinhas, "Gelaguela", o elevador de casa do P, a vista da casa do P, o refúgio que é a Toca, os meus sobrinhos - maiores que eu - o Cléclé - o menino mais bonito da Bahia -, as cores daquela cidade, os bolinhos de queijo, as caipirinhas - e não caipiroscas - o calor húmido, os 28º no inverno, o bem que dormi, as conversas nocturnas, as expressões que só os brasileiros usam. Eu adoro aquela terra, e adoro ainda mais chegar a casa.

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17.6.08

Bora todas para este sítio espectacular?

Tenho a sensação que já postei isto neste blogue. Será que estou a ter um déjà vu ou será Alzheimer mesmo? Voltem, temos saudades!

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Loiras: Não voltem que este país está na miséria

Isto podia ser um post do Blogue da Elle.

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10.6.08

Fluoxetina

Queria estar aí com vocês, mas estou aqui. Londres estava cinzenta, como sempre. Voltei pior do que fui. Acho que vou ao meu médico pedir-lhe flouxetina - eu, que sempre fui contra os químicos. Ou então peço-lhe uma viagem relâmpago até ao Buraquinho. Já temos saudades (falo por mim e pela Elle). Divirtam-se!

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4.6.08

Que tudo se f...

hhhhhhhh– Que tudo se foda,
hhhhhhhhdisse ela,
hhhhhhhhe se fodeu toda
hhhhhhhhPaulo Leminski

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Banhos e simpatias

Faça a correspondência.

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100+Vibes [17]

Sinnflut
Aparência: 4
Originalidade: 4
Subtileza: 1
Portabilidade: 1
Orgasmobilidade: 5

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Há mais marés do que marinheiros...

Futebol sim.

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L: esquerda; R: tem razão

Pois é, parece que vamos todas passear. Não para o mesmo sítio, o que é pena, mas pelo menos já vai dar para “zanuviar”. As loiras vão para um lado, a ruiva para outro. Loiras ao descanso – que também é preciso – e Ruiva ao trabalho (que remédio). Ou como se diz em chinês: L: Esquerda; R: tem razão.
Aposto que se vão divertir imenso e que vão fazes “cenas bué de radicais” tais como passar todas as noites no sofá das casas onde vão ficar ou, quem sabe, “com rebolante poderão suportar quente-troca e fazer tacto confortáveis em séries nocturnas”. Ou vai-se a ver e “peixes chocalham em decoração tipo closet”. Tudo pode acontecer.
Só para terminar este delírio inspirado nas traduções dos produtos das lojas chinesas, tenho alguns conselhos a dar-vos: “Usem a conveniência; Por suportar muito tempo; A função é boa; Beleza de aparecimento externa; E impeda cada criança de estimação”. E não se esqueçam de levar para a viagem o “pseudónimo de três tesouros desocupados” para dormir, nem o “pescoço cadeia tipo corda” para ouvir música. E mais não digo.

Bom passeio. E fica bem Elle. Lembra-te podes fazer raves nos meus 50 m2 durante 5 dias. Gosto muito de vocês todas. Desculpem andar neste estado lastimável nestes últimos tempos. Não sei o que seria de mim sem vocês as três. Isto não anda fácil, mas vai se compor, eu sei. Não, não estou a chorar, estou a picar cebola para o jantar. Não, entrou-me um cisco para o olho.

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3.6.08

Hoje, tudo me parece incrivelmente simpático... até há calor. Não, não vou explicar porquê.

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2.6.08

Um tia no Rock in Rio [4]

(cont...)

Fila. Fila não, bicha tremenda. Apenas uma faixa em plena auto-estrada. Vai ser longa a viagem. Carrega no play. Aquela voz, com o volume no máximo, invade o carro e rebenta-lhe o coração. As lágrimas caiem-lhe, imparáveis. Indomáveis. Não é possível que o que assistira possa ser verdade. «Decadência humana, declínio, ferida aberta, frágil, impotência, exploração da desgraça e sofrimento alheio, voyerismo, maldade», palavras que lhe assolam os pensamentos. Não podia ser verdade. Não acreditava. Um filme. Só pode ter sido um filme. E como foi a tia ali parar.
Apetecia-lhe pedir-lhe desculpa, desculpa. Desculpa por ter participado naquilo, por a ter ido ver, pelos risos alarves que presenciou mais as caganças e regozijo que há num «eu avisei, eu sabia que ia ser assim.». E pegá-la ao colo. Dar-lhe mimos e dizer-lhe «está tudo bem, está tudo bem». Salvá-la. Alguém tem que a salvar. Não pode ser... aquilo é tudo encenado. Tudo ensaiado, tudo pensado. Começando pelo atraso, os enrolados pedidos de desculpa, a voz rouca e a primeira música: Addicted. O copo na mão, que toda gente declara ser vinho enquanto a tia via um suco amarelo, com limão lá dentro. A ligadura no pulso. O corte no braço direito. As nódoas negras no pescoço. O lenço na mão. «Não me lixem.» Não há caracterização? Pintam-lhe os olhos demasiado negros e não lhe escondem as feridas? «Exposição da dor, mostra, montra.» Lágrimas que borram a pintura e lhe mancham a cara, mais. O microfone que não consegue ajustar, vejam bem a ligadura. O cone de prata no decote em que ela não pára de mexer. Ela naquele vestido, infantil, menina. O coração no cabelo com o nome do marido. A figura de um ser humano em sofrimento a cair dos saltos altos. O palco às escuras entre músicas. As conversinhas com a banda. Os ajudantes de palco que “reabastecem”. Tudo alusões a mais um cheiro de coca. Figuras tristes e demasiado ingénuas. Não é para isso que servem os agentes, a organização do festival? Alguém que decida por ela se pode ou não actuar? «Não quero acreditar. Não quero acreditar que estas noventas mil pessoas se divertem. Que era com isto que contavam. Que riem. Que não quisessem fugir. Não pode ser.» Isto é tudo fake. Só pode ser. E a única coisa que pode servir de consolo. A rouquidão até desaparece. A música até acompanha os picos de adrenalina e depressão. Só pode ser encenado. Até os ecrãs gigantes em dessincronização foram pensados. E Valerie, a última canção, com a imagem de um quase desmaio para os braços de alguém no backstage. Não, não há encores. O cachet é o mesmo. É a sua vingança. Fim do “espectáculo”. «Alívio.» Ainda pensou que ela voltaria, que diria um monte de merda e que despejasse o fel. «Era isto que queriam ver, satisfeitos?». Mas ela não voltou. Não houve final feliz e moralista. «Não me venham com Kurt Cobain, Jim Morrison, Janis Joplin, Elis Regina ou Cazuza. Não me interessa. Eu não estive lá. Não vi. Não participei.»

A fila entra na área de serviço. Há uma Operação Stop. Uma grande “operação”para apanhar gente de Cascais que foi ao Rock in Rio. A tia limpa as lágrimas. Desliga a música, faz o seu ar mais simpático, mais calmo, mais feliz. Uma loira sozinha no carro, às quatro e meia da manhã, cansada e com vontade de chegar a casa. O polícia encosta-se à sua janela. Ela sorriu, encarando-o. «Siga, boa-noite, desculpe o incómodo.»

«É isso, já passa, não foi nada. Este incómodo vai passar. E esta dor. Este mal-estar. Este sujo de ter participado numa história que não queria ver, fazer parte. E muito menos preparada. Se soubesse, teria ficado em casa, no quentinho, no limpinho, longe do mundo. Para onde vou agora tomar banho. Irónico chamar-se o Palco do Mundo, o sítio onde actuou. Está tudo bem, tudo bem. Esta sensação há-de passar. Também é do desmame da fluoxetina. Esquece. Viste uma lição muito bem planeada. Orquestrada. Um dia saber-se-á. Está tudo bem, tudo bem.»

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Um tia no Rock in Rio [3]

(cont...)

Deixaram-na e seguiram para os vips. Tinham sede. Não falavam muito, iam. Lá dentro só se falava do “espectáculo”. E falavam muito, e muito alto. Estava tudo certo, estavam ali para se verem, para se deitarem naqueles enormes puffs brancos e ouvir. Ouvir, apenas, espreitando, de vez em quando, para o ecrã mais próximo. Na bicha foram várias vezes atropeladas. Mas lá conseguiram chegar ao balcão das bebidas. «Ó senhor Zé Pinto daquela banda com pontapés, não se meta à frente da tia», pensou enquanto lhe media o rabo. Ele leu-lhe os pensamentos, olhou-a. «Primeiro as senhoras», disse a tia. Trombas, fez ele. «Malcriado!» Uma pita muito moranguita e toda cor-de-rosa pede-lhes: «Podia passar-me aquela palhinha, por favor?» Tia e amiga miram o copo das palhinhas... «qual especificamente?» Deu para rir.
Ficaram a mirar os vips, a rir de outras coisas, outras coisas. E comer sobremesas. Havia muita adrenalina para libertar. Estavam tensas, tia e amiga. Dirigiram-se para o Lenny. «Está gordo o piqueno!» – primeira impressão. «E chato comó caralho!» – segunda impressão. As tias dizem palavrões, já disse. «E que raio de merda é esta, viemos cá para te ouvir, não para ouvir o homem da corneta.» Em volta o ambiente era outro. Beijos apaixonados, pessoas deitadas na relva, mais velhos a curtir os solos de guitarra e da “corneta”. Deram por si a conversar. Conversar de coisas de nada. Decidiram ir embora. «Ó Lenny, vai levar no Kravitz.»
O trajecto até à ao carro correu sem apontamentos – vip. Decidiram ir cear ao Galeto. «Aquele hambúrguer com batatas.» Demasiada luz. Barulho de talheres. Pessoas, muitas pessoas, a comer, a deglutir, a fazer barulhos, a sorver cerveja. Um empregado em ruptura, que se atrasava e baralhava os pedidos. Isto numa altura em que já era quase impossível à tia disfarçar o enorme buraco que sentia na garganta e que lhe roubava a voz. Não lhe apetecia falar. Deixou a amiga em casa, muito longe da sua. Ainda bem. Ia saber-lhe bem a “viagem”. A janela aberta. Os cigarros fumados com calma. Auto-estrada. Apetecia-lhe seguir em frente, sempre em frente, para onde? Não sabe.

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Um tia no Rock in Rio [2]

(cont...)

A amiga lá estava, soterrada em seguranças. Tiveram que gritar e acenar com o bilhete para que uma segurança o viesse buscar. As três juntas at last. «A partir de agora, desligam-se os telemóveis e acabam-se as combinações.» Agora é que começa o “festival” como se diz na tenda vip. Concerto é no relvado. Espectáculo é só depois. Magotes de pessoas saem do recinto, cheios de filhos, a próxima actuante não é para mais novos. Nova entrada na tenda vip. Mostrar outra vez a pulseira a sete guardas. Comer, comer. A larica apertava. Cabeças voltavam-se para ela. Cumprimentavam-na. «Tá boa?» «Obrigadíssima», optou por responder, sempre a andar. Depois lembrou-se, pintara o cabelo de loiro. Muito loiro. Loiro-holofote. Era por isso que a confundiam. «A Karen Jardel é mesmo gira, a sério. E as pernas da Malu Madder, alta! Cabra. E o vestido daquela. E o cu da outra? E as tias e a moda Amy, modernas!» Não sei se de propósito, uma senhora muito sonora entorna pelas costas da tia meio copo de cerveja. «Não faz mal. Acontece», grasna a tia. «E quem avisa aquela tia que o tagliatelle que leva ali em prato cheio, é só acompanhamento... cozidinho com água e sal?»
Ninguém liga às gargalhadas demasiado altas da tia. Ainda bem. Mas havia ali algum desconforto. O chão parecia trepidar. E o barulho era constante. Parecia-lhe estar dentro de uma máquina de lavar. Comeram à pressa. E beberam, não era permitido sair com copos ou garrafas do recinto vip. «Está certo, forretas.» O nervosinho começava a adensar-se. Lá para fora, que não queriam perder o início. Andaram quilómetros para escolher o melhor lugar, optando pelo primeiro, junto a um enorme ecrã, entre um caminho e o relvado em abrupto declive. Estavam bem dispostas. «Ó rapaz, não te sentes na lama, nem sabes o trabalhão que essa nódoa dá a lavar.» Muitos casais, muitos grupinhos animados, ora de meninas ora de rapazes. Pessoas da idade da tia e miúdos, só isso. Cheiro de erva, só o que saía do baseadinho das três. Os “festivais” já não “cheiram” ao mesmo.
Três teenagers em gritinhos pedem-lhe um tampão. «Não tenho, mas no meio de noventa mil pessoas deves arranjar.» E depois para as duas amigas: «Oiçam lá... Estaremos com ar de quê? Tias muita giras com um ar super descontraído ou somos as únicas neste perímetro com ar de quem tem tampões na mala?»
Começa por fim Mrs. Amy Winehouse, depois de quarenta minutos de espera, onde só se ouvia «ela não vem». Encaram o telão.

Quem olhasse para a tia, não lhe lia a alma... em cacos. A sensação que tinha era que estava a ver um filme, daqueles muito previsíveis e de baixo orçamento. Ou uma novela da TVI... daquelas muito más, que se sabe sempre o que vem a seguir. Tentou alhear-se. Voltou as costas ao ecrã. Não dava resultado. As pessoas falam demais. As pessoas vão aos concertos para falar. A cena continuava a desencadear-se com todos os chavões. Meteu conversa com as duas, tentava abstrair-se. Falaram de outras coisas, a disfarçar. «Acabou por fim», pensou a tia enquanto se dirigiam para saída número três. A terceira não queria mais ficar.

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Um tia no Rock in Rio [1]

A tia em dondoca em casa e em contagem decrescente. Tinha pensado pôr o disco da Amy Winehouse aos berros, em preparação para logo à noite. Não deu tempo. Nem jeito. Um sobrinho com febre, uma visita matinal, a filha que traz coleguinhas da escola para almoçar, a empregada que quer conversar. Interrupções. Lá para às seis, consegue finalmente sair de casa. Vai apanhar a amiga às avenidas novas. A mais descomprometida e divertida para estas coisas. A fila na Duarte Pacheco é imensa. Insiste. Resolve ir pelo túnel. Pior. Tem tempo nessa altura. Põe o cd aos berros. Ainda bem que está sozinha. Fuma vários cigarros, dança. Está bem disposta. «À catarse.» Solta-se. Quer ir dançar, pular, divertir-se.

Apanha a amiga com uma hora e meia de atraso. Lisboa está o caos. Dirigem-se ao estádio de Alvalade onde vão deixar o carro e apanhar o shuttle para o Rock in Rio – afinal, são vips. O cd pára de tocar. Há combinações a fazer – bilhetes a mais. O telemóvel da tia fica sem bateria: «óptimo», pensa. Depois de várias transgressões lá conseguem entrar para o tal do Piso Dois do parque de estacionamento. Ainda no carro, trocam a indumentária. O blazer pelo blusão alcochoado, não vá fazer frio. E a mala pela maniconera de apertar à cintura. Prática. Num dos bolsos o bilhete de identidade e três maços de tabaco. A tia é previdente. Noutro, o talão do parque e as chaves do carro. A tia é arrumada. Noutro ainda, um maço de cigarros vazio, com três baseadinhos, já enrolados. Feitos! Uma tia é uma tia. Ainda havia outro compartimento, para o dinheiro e o ingresso, onde arrumou apenas o bilhete. A tia é esquecida.

No átrio, havia fila para o transporte mas ainda deu para um cafezinho e mais combinações. Viram caras da televisão, o presidente do Sporting, famílias com filhos, muitos blusões. A fila foi despachada para o grande autocarro. À tia e amiga coube o tal do shuttle de sete lugares. O ambiente era animado. O condutor, um miúdo de dezanove ou vinte anos, giro, estava triste – não iria ver os concertos. Tia e amiga tentaram consolá-lo. Pela janela viam-se magotes de pessoas, filas e filas. Pessoas que não tinham caminho aberto, estrada desimpedida, cordão de segurança. «Festa do Avante», pensou, «também já andei muito». À chegada despedem-se do rapaz... «foge, vem ao concerto, larga os vips num baldio.»

Entrada fácil, mais uma vez sem filas, encontrões, esperas. Gente, muita gente. Mas andava-se bem. Um enorme relvado em declive, com a foz no palco, e a constatação de que do palco e actuantes apenas se veriam o que nos servissem os enormes ecrãs, uns seis, ou mais – a tia não contou. Desceram em direcção ao maralhal. Queriam ver mais de perto a Ivete que já pulava. Pessoas, pessoas e pessoas. Jovens, crianças, cotas. Muitas famílias. Lá encontraram um lugar, menos recatado e sem crianças para acender o baseadinho. Ainda pularam, pouco. A amiga detesta música brasileira e havia que ir buscar o tal do ingresso a mais lá dentro à tenda VIP.

Tenda que vira desde que entrara. Um zepelin adormecido. Branco, enorme. Muito longe do palco. A entrada foi difícil. Pediram-lhe que esperassem. Havia gente a mais. Lá conseguiram entrar, onde tiveram que mostrar o bilhete a sete seguranças diferentes. Depois havia um corredor enorme, com focos de luz vermelha. Talvez indecente. Elas riam. Depois ataram-lhes uma pulseira ao pulso. Dura, verde, com enormes letras brancas VIP. O barracão era de facto enorme e com dois pisos. Em baixo filas para o jantar, para as bebidas e as sobremesas. Em cima, e de frente para enorme varanda, pufs brancos, enormes, serviam de descanso. Pornográfico, pensa a tia. Da varanda nada se via, apenas cabeças, estridentes e muito loiras. Do palco, nadinha. «Aqui não fico nem morta», pensou olhando o recinto à procura do portador do bilhete. A sede começava a apertar. Lá o encontraram, coitado, no meio do piso de baixo, a fazer de relações públicas. «Por favor, não me apresentes ninguém, não estou com “cabeça”», avisou antes de lhe dar um beijo e agradecer o bilhete a mais. Desculpou-se, tinha que ir ao portão três buscar a terceira amiga. «Até já.» Lá fora, ar... Gente aos pulos. Ivete gritava: «Portugal no coração, amigos, amizade, amo vocês, país irmão...» «Foda-se», escapou-lhe, «não há paciência.» As tias também dizem asneiras.

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1.6.08

Dia das crianças num Shopping perto de si

Na Natura
Filha de 9 anos: - Mãe, ajuda-me a escolher um vibrador...
Mãe: - MASSAJADOR, massajador... Que raio de ideia!

Na Fnac
- Mãe, mãe, mãe...
- Ó pá, deixa-me um bocadinho. Olha vai ali chatear o teu pai.

Na loja de brinquedos
- Vês, vês, a culpa é tua. Sempre tua. Agora já não há...
- Poupa-te. Deixa isso para quando fores mais velha. Ainda vais culpar-me por coisas muito piores, muito piores...
- Ah, deves achar que tens graça...
- Plaft (som de um tabefe)

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Vamos mexer o rabo... ao fim ao cabo a vida é esta

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