27.4.07

39 anos de desgosto “em ditado”

. até o cabelo faz sombra.
. coisa ruim não acaba logo de vez.
. filho de puta tira o pai da culpa.
. fortuna vária: hoje a favor, amanhã contrária.
. mãe acautelada, filha bem governada.
. mais quero a meus dentes que a meus parentes.
. mais tem o rico quando empobrece que o pobre quando enriquece.
. não dispendas o teu dinheiro antes de o teres ganho.
. não é mentira: quem mais joga é quem mais tira.
. não é nas pintas da vaca que se mede o leite e a espuma.
. não faças horta em sombrio, nem casa ao pé do rio.
. não faças passos largos que tens pernas curtas.
. não há fumo sem fogo.
. não há geração sem puta ou ladrão.
. não há gosto sem desgosto.
. ninguém mija sem peidar.
. no principio são tudo flores: a choradeira é no fim.
. nos ausentes é que é malhar.
. o avarento por um real perde um cento.
. o que dá para receber, enganado deve ser.
. o Queirós que pague por nós.
. quem se ralou já morreu.
. reduzir a pó de traque.
. tanto vale seis como meia dúzia.
. três ao burro, burro no chão.
. um a um, não fica cá nenhum.

Etiquetas:

26.4.07

Esclarecimento para o entalado

















Honesto; recto; sério; virtuoso; íntegro; intacto; completo; neutral; impoluto; puro; imaculado; cândido; inocente; casto; inatacável e LIMPO.

A [P] que assina este blog é a mais velha, esclarecido? Um grande bem haja!

Segundo esclarecimento - o sr. de colete sou eu a entalar o filho de santo de São Jorge da Gosma ou será Gastrorreia? Escarro? Parasita?

Etiquetas:

Fui...



Etiquetas:

25.4.07

Para o FJV

Não desesperes, as reservas estão a acabar no Estoril mas, em Lisboa não!

Etiquetas:

Desfibrilhem-me já

A tia aparece-me aqui em casa sem sobrancelhas e depois escreve no blog que vai "fechar para obras", que se vai enfiar no "casulo". Tapa na pantera.
A Maibelha aparece no blog em revolta contra o mundo onde diz não às "cisões" aos "deslumbramentos", às "dependências" (e onde também diz que não quer deixar de fumar). Tapa na pantera.
Ao ler os vossos posts sinto-me o Rantanplan. Lembram-se? Deixam práqui uma pessoa ralada sem saber de nada do que se está a passar com as vossas vidas, mas tudo bem. Eu gosto de vocês na mesma.
Quando estiverem melhorzinhas mandem notícias aqui à amiga, está bem?
Por enquanto só tenho uma coisa a dizer: desfibrilhem-me já que eu não percebo nada disto.
Beijos para as duas e para a Elle Driver que vai para Paris lutar pelas férias.
[R] de Rantanplan

Etiquetas:

24.4.07

Não quero!

Não quero esperar por melhores dias, não quero deslumbramentos, não quero trabalhar excessivamente, não quero urgências, não quero pendentes nem dependências, não quero deixar de fumar, não quero muito, não quero pensar em ir, não quero preto e branco, não quero complicar, não quero sustos, não quero impasses, não quero listas, não quero cisões, não quero sumários. Não quero!

Etiquetas:

Fechada para obras

A tia fechou para obras. Recauchutagem, mais precisamente. Quando chegamos ao estado caótico de nos caírem as próprias sobrancelhas... é aviso para parar. Dar um tempo. Fechar para balanço. Vou para o casulo. Saio nas férias.

Etiquetas:

20.4.07

Para acabar de vez com a "maibelha"

O meu sonho era trabalhar num bingo e ouvir a noite inteira: Linha!

Etiquetas:

19.4.07

Dia do Índio

Pois todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio
Mas agora eles só tem
O dia 19 de Abril
Curumim, Cunhatã
Cunhatã, Curumim
Terêrê, oh yeah!
Terêreê, oh!

Um beijo especial de aniversário a certo índio que conheci nesses brasis.

Etiquetas:

18.4.07

Obrigada tia

A tia é a maior a procurar casas. Fala com toda a gente, toca às portas das casas onde se diz "vende-se", fala com as velhas que estão às janelas, com os carteiros, entra pelos prédios em obras a dentro, mete conversa com os construtores, diz piadas aos pedreiros que nos atiram cimento e pó para cima, faz choradinhos para baixarem preços, faz casas de 32 mil contos descerem para os 28, é super simpática com os senhores das imobiliárias, discute feng shui, sobe e desce ruas a pique, convida as proprietárias para beber café. É aquela dinâmica. Obrigada tia!

Etiquetas:

17.4.07

Se um dia acabar com um gajo assim pf internem-me




Para acabar de vez com a do meio.

Etiquetas:

Pergunta do dia

Chego ao nosso blog e só encontro posts em português do Brasil, fotos de praias maravilhosas da Baia, letras de Ivetes sem galhos, letras de um tal de lenine, de um tal de Pexinguinha e só me ocorre uma coisa à cabeça: O que é que ainda estamos aqui a fazer?

Etiquetas:

Isto lembra-me alguém

Etiquetas:

Objectos úteis [1]


Compasso com... tira-linhas. Para ti, mai belha.

Etiquetas:

Hoje acordei abaianada

Café Melitta, Marlboro sem tarja preta; Óleo trifásico de andiroba e maracujá, colónia de madeira em flor, fluido de massagem, tudo da Natura; Camisola, camiseta e vestido da Osklen, off-white; Luciana Mello; Veja de domingo; Notícias de Vilas do Atlântico. Minha semana começou agora. Ivete canta “ai, que bom ter sua companhia, nesse clima de Verão”.

Etiquetas:

16.4.07

Para a Tia


Esta é por conta das l..., a partir de agora só terás sonhos eróticos com estes senhores. Já fiz a mézinha! Bem sei que a vingança é uma coisa muito triste, mas por vezes necessária.
[mai belha em godés

Etiquetas:

Paciência

Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não pára
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo o mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo para perder?
E quem quer saber? A vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára,
A vida não pára, não.

Paciência, do brasileiro Lenine

Etiquetas:

António Lobo Antunes

“Se recuperar, continuarei a escrever livros que foi para isso que me mandaram para o meio de vós.”

Etiquetas:

Terapias vs Resoluções

Cada vez que sinto que a minha vida foge do meu controlo, faço listas no Excel. Listas com cores, datas, itens, números, contas e mais contas e mais listas... Descobri, ontem, que não tenho feito outra coisa, vou deixar de fazer listas!

Etiquetas:

Dicionário Millôr Fernandes [2]

Adiamento
Não há problema tão grande que não caiba no dia seguinte.

Etiquetas:

Olha que coisa mais linda

Gavião Calçudo

Chorei, porque
Fi...quei sem meu a...mor
O gavião mal...vado
Bateu asa, foi com ela,
E me deixou
Quem tiver mulher bonita
Escon...da do ga...vião
Ele tem unha comprida
Deixa os marido na mão

Mas viva quem é solteiro!
Não tem amor nem paixão
Mas vocês que são casado…
Cuidado com o gavião!

[Pixinguinha e Cícero de Almeida, 1929]

Etiquetas:

Uma quinta ao sábado

. Dick Profund, nome para uma banda.
. Barry White em português.
. Apanhei um choque enfibriléptico.
. Tenho um cérebro rotossexual.
. Eu estou no fundo do túnel.
. Eu ia dizer coisas…
. Poema ao Shaka Zulu: “Pai nosso que estais no céu…”
. Vocês não sabem, mas a vossa vida vai mudar.
. Isto é o início do fim.
. No meu tempo eram belinhas.

Etiquetas:

Para acabar de vez com a "mai belha"

. Linha de força
. Trinta por uma linha
. Andar na linha
. Cada um sabe as linhas com que cose
. Em linhas gerais
. Em linha recta
. Morar na Linha
. Linha lateral
. As linhas das mãos
. Escrever direito por linhas tortas
. Carrinho de linhas
. Linhagem real
. Óleo de linhaça

Etiquetas:

13.4.07

Contra intermediários

Folha de São Paulo: 51% dos brasileiros não sabe o nome do Papa.

Etiquetas:

Tens dúvidas, liga para o Celulari












Quintas-feiras forever!

Etiquetas:

Temos pena

Adeus aos Sopranos


Este mês, os EUA, começaram a assistir àquela que, garantem, é a última temporada de uma série de culto mundial. Lá vou eu comprar dvd's.

Etiquetas:

12.4.07

Tarefas adiadas

. Iniciar a agenda de 2007
. Memorizar o meu número de telefone
. Responder a alguns e-mails
. Telefonar a um amigo a dizer que estou viva
. Não magoar o meu amor

Etiquetas:

Porque hoje é quinta-feira


Vai um Halls?

Etiquetas:

11.4.07

«Cadê Francisco?»

[Na Praia de Buraquinho há poucos anos atrás.] Dia de homenagem da «Colônia de Pescadores 57» a seu santo protector, São Francisco. A maior azáfama. Areias limpas, cabanas enfeitadas e caixas de «51» (cachaça) que aguardam ser esvaziadas. Os barcos, adornados com flores e fitinhas coloridas, sobem o rio. Só falta ir pegar «o Francisco» para a procissão.
O presidente da colônia, Touro, está preocupado. De há uns anos para cá que o padre de Portão tenta sabotar a peregrinação... a acha profana. E põe entraves ao empréstimo do santo. Mas nem mesmo assim, Touro contava com as surpresas desse dia. Finda a missa, o Padre, protegido e encorajado por um grupo de beatas, «dessas tipo puxa-saco», diz que não... o santo não pode sair da igreja.
Foi a zorra. A colónia reclama «por direito» e a população diz que é obrigação da igreja emprestar o santo. Os ânimos se exaltam e todo o mundo se envolve na conversa. Farto da discussão, Touro agarra no santo e se prepara para sair. Padre e beatas puxam para a direita, pescadores e comunidade de Portão para a esquerda. São Francisco, de um lado para o outro, «parece até que bebeu cachaça».
O sacerdote, por fim, cede. Lá deixa partir o santo, mas... sem coroa, sem cajado e escoltado por «seguranças»... as «beatas puxa-saco». São Francisco é colocado no barco de Touro que, seguido pelos outros pescadores, começa a procissão pelo rio.
A comunidade os segue por terra, cantando e tocando atabaques. O «grupo puxa-saco» se benze, pois as canções entoadas são em ritmo afro... cheinhas de axé. O percurso pelo Rio Joanes abaixo, demora cerca de uma hora e chegado o santo à praia é celebrada a «homenagem». Depois, o depositam na casinha da Colónia e todo o mundo cai fora. Hora de comer e, sobretudo, tomar água [beber cachaça]. As «seguranças» se separam e as menos «severas» caem na folia. Todo o mundo canta, todo o mundo dança. A maior festa. Mas cedo se faz tarde e começa a escurecer. É hora de levar o santo de volta à igreja, em romaria, desta vez por terra. Touro escolhe os pescadores mais fortes e menos bebidos para carregar o andor e... Mas... «cadê o santo?»
Pára a música, pára a dança! «Cadê Francisco?» São Francisco sumiu! Os pescadores desorientados correm a praia sem saber o que fazer, «que ousadia!» As beatas, de joelhos na areia, rezam, «mas quem, no seu perfeito juízo, rouba um santo!» Mulheres em pânico gritam «é melhor chamar a polícia.» Um corre-corre, uma aflição danada, uma agonia. Os mais «calmos» (leia-se «menos bebidos») se penduram no orelhão...
E é por telefone que chega a explicação. O santo está na igreja. Já está na Igreja. As beatas «puxa-saco» o levaram no pico da festa. «Ousadia feia!»
Unidos e sem barulho, pescadores, comunidade e «beatas light», marcham rumo à igreja. Ao grupo se vai juntando gente e mais gente, indignada com o sucedido. Até São Pedro decide se pronunciar e desaba uma chuva intensa que toda a noite cai.
A multidão invade a igreja, tira São Francisco de seu altar o coloca no andor e, ali mesmo, na porta da igreja, começa sua procissão por ruas de Portão. E não houve procissão maior, mais emocionada. Festa, música, chuva e dança, ao som da cachaça, São Francisco balança... no andor.

[A Colônia Pescadores 57, com sede na Praia de Buraquinho, pertence à prefeitura de Lauro de Freitas. A povoação mais próxima e onde vive maior parte dos pescadores se chama Portão. A procissão da praia à igreja atravessa a Estrada do Coco. Antes de Buraquinho, fica Vilas do Atlântico.]

Etiquetas:

Dicionário Millôr Fernandes [1]

Baianidade
Baiano só tem pânico no dia seguinte.

Etiquetas:

[Porque toda sexta se veste branco]

Toda sexta-feira
Toda roupa é branca
Toda pele é preta
Todo mundo canta todo o céu magenta

Toda sexta-feira
Todo canto é santo
E toda conta
Toda gota
Toda onda
Toda moça
Toda renda

Toda sexta-feira
Todo o mundo é baiano junto

Toda Sexta-feira, Adriana Calcanhotto, 1996

Etiquetas:

Dicionário de baianês

Cansei de capotes. Decidi tomar um chá de se pique, peguei nos bregueços e em quase todo meu cabedal. Trouxe minha bacurim mais eu. Nada de caroara. Na Estrada do Coco, solta na buraqueira, só quero sarga-bunda, praia, sol, capirinhas, pererê, caixa de fósforo. Tocar o bonde pra Lapinha. Aqui se compra calçola e califom. Cervejinhas só da geladeira. Dia de sexta veste branco e dia de quarta vermelho. Branquela toco de amarrar jegue, já entrei no carnaval e não fui de pipoca. Viver aqui não é nenhum boca-de-zero-nove. Só é difícil competir com os ganha-pão, mas não sou nenhum bujão nem sou bunda chulada. Mas agora tenho que encurtar conversa, preciso ir ver Miguel.

Capote, casaco de frio; Tomar um chá de se pique, retirar-se, ir embora; Bregueços, móveis e utensílios; Cabedal, património; Bacurim, filho/a; Mais eu, comigo; Caroara, tremedeira nas pernas, medo; Solto na buraqueira, à vontade, livre para o que der e vier; Sarga-bunda, chinelo de couro de enfiar o dedo; Pererê, caixa de fósforo, etc e tal; Tocar o bonde pra Lapinha, ir em frente, continuar a vida; Calçola ou calcinha, cuecas de senhora; Califom, sutiã; Geladeira, frigorífico; Toco de amarrar jegue, pessoa de baixa estatura; Jegue, burro pequeno; De pipoca, brincar o carnaval sem pertencer a algum bloco; Boca-de-zero-nove, lugar de se dar mal; Ganha-pão, bumbum, rabo; Bujão, gordinha de ancas largas; Bunda chulada ou Bunda recta, pessoa sem bunda; Encurtar conversa, resumir, finalizar; Ver Miguel, ir no banheiro (casa-de-banho).

Etiquetas:

Você Já Foi à Bahia?

Você já foi à Bahia, nêga?
Não? Então vá!
Quem vai ao Bonfim, minha nêga
Nunca mais quer voltar
Muita sorte teve
Muita sorte tem
Muita sorte terá
Você já foi à Bahia, nêga?
Não? Então vá!

Lá tem vatapá! Então vá!
Lá tem caruru! Então vá!
Lá tem mungunzá! Então vá!
Se quiser sambar! Então vá!

Nas sacadas dos sobrados
Da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do imperador
Tudo isso na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito
Que nenhuma terra tem

Samba da minha terra deixa a gente mole
Quando se canta todo mundo bole
Quem não gosta de samba bom sujeito não é
É ruim da cabeça ou doente do pé
Eu nasci com o samba no samba me criei
e do danado do samba nunca me separei

Dorival Caymmi

Etiquetas:

E porque falamos a mesma língua [2]

«(...) Há diferenças conhecidas de todos, como “comboio” que é o nosso “trem”, “carruagem” que é o nosso “vagão” e “caminho de ferro”, que é a nossa “estrada de ferro”, mas a nossa “baldeação” lá é “transbordo”, coisa menos sabida.
Se você entrar em um teatro com seu “chapéu de chuva” (forma muito mais usada que o “guarda-chuva”) é obrigado a deixá-lo no “bengaleiro”, que é o nosso “chapeleiro”. Isto ao Irineu [Garcia] parece elegante, e fica a imaginar se o seu querido Fernando Pessoa usava bengala; acha que sim.
Acredita meu missivista que é uma falta de respeito chamar “gerânios” de “sardinheiras”; e completamente misteriosa a palavra “diospiro”, que designa a fruta que nós conhecemos por “caqui”. (...)
“Ventoinha” é o nosso “ventilador”, e “papeleira” é aquela “escrivaninha” de tampa inclinada e gavetas para guardar papeis. “Utente” é o mesmo que o nosso “usuário”, “herdade” é “fazenda”, e “carrinha” é “caminhonete”. A gente não pede comumente o “endereço” de uma pessoa e sim a sua “morada”, isto é, “endereço” de sua “residência”; esta última palavra é mais usada no sentido coletivo.
Candeeiro no Brasil a gente entende que é a querosene, óleo ou gás: lá é também o eléctrico, a nossa armação de abajur. O “caseiro” é mais conhecido com “quinteiro”, e “sertã” é o nome mais comum da nossa “frigideira”; “alguidar” é usado comumente no sentido de bacia de lavar roupa...
A nossa “turma” ou, em ipanemês, “patota”, lá é “malta” e às vezes se mete em algum “sarilho”, que é a palavra mais usada para “briga”, confusão.
Irineu me manda “refilar” no sentido de “estrilar”, “reagir”, e “fato macaco” no lugar do nosso feio “macacão”. No Brasil é muito raro o uso de “fato” com “roupa” e corrente no sentido de coisa feita, acontecimento — que lá é de “facto”, com “c”, que se escreve e pronuncia.
O vendedor de bilhetes de loteria, nosso “bilheteiro”, em Lisboa é “cauteleiro”, e não é raro ouvir “apitadela” no lugar de “telefonema”. Um tipo “gira” não é adoidado como no Brasil, é um bom tipo, é bonito. O amigo “legal”, “cem por cento” lá é “fixe”. No lugar de “vagem” usa-se mais “feijão-verde”, e, no lugar de “açougue”, “talho”.»

Ruben Braga [1913-1990], Pequena Antologia do Braga,
Editora Record, 7.ª Edição, 2004

Etiquetas:

E porque falamos a mesma língua [1]

Em Portugal se diz assim
«(...) Pagar a renda do andar é pagar o aluguel do apartamento. O avião não decola, descola, e não aterrissa, aterra; e o sujeito que vem consertar a pia não é bombeiro, é canalizador. (...) Sua geladeira deve ser promovida a frigorífico e seu banheiro a casa de banho. (...) Caminhão é camião, e quando ele bate não bate, embate; seu motorista é camionista. A casa (mobilada e não mobilada) vende-se com “o recheio”. Oferecem-se marçanos e turbantes, e mulheres-a-dias. Lanterneiro é mais logicamente bate-chapas e cardápio é ementa; esquadra é a delegacia de polícia. (...) Caixa postal é apartado, aparelho de rádio é telefonia, parada é paragem e pedágio é portagem; carona é boléia, autoclismo é caixa de desgarga de latrina, que não é latrina, é retrete. (...) suéter é camisola, e meia de homem é peúga, (...) mamão é papaia, troco é demasia, presunto cozido é fiambre, sorvete é gelado, travão é freio, marcha a trás é marcha à ré, band-aid é penso, e durex é fita-cola, bonde é eléctrico, berlinde é bola de gude (mas é masculino: jogar ao berlinde), cabedal é couro. (...) a sopa não esfria, arrefece; tomada de electricidade é ficha; (...) a guimba ou bagana de cigarro no Brasil é beata em Portugal, e a equipa não deixa a concentração para fazer um excursão, deixa o estágio para uma digressão; papel carbono é químico, não se diz que um sujeito é monarquista, diz-se que o gajo é monárquico.
Quando dizemos que “tinha muita gente lá”, eles dizem que “tinha lá imensa gente”, quando falamos de “uma porção de coisas”, eles falam de “uma data de coisas”. Não se anuncia uma casa “em primeira locação”, mas simplesmente “a estrear”. (...) O final de um jogo de futebol de futebol não é “zero a zero”, é “zero-zero”. A nossa ducha é o duche deles, e o nosso toca-discos lá é gira-discos. (...) e não se dá uma surra ou uma sova, mas uma tareia. Pois, pois.»

Ruben Braga [1913-1990], Pequena Antologia do Braga,
Editora Record, 7.ª Edição, 2004

Etiquetas:

Matar saudades

Porque me bateu uma saudade e porque me apetece, vou repetir aqui alguns textos do meu antigo blog, o Estrada do Coco. Lugar onde morei nessa Bahia.

Etiquetas:

Visualizam bem










Vilas do Atlântico, e Fedoba, professor de Surf












Morro de São Paulo














Itacaré

Etiquetas:

10.4.07

Mais alto

Invejo os poetas. E tenho pena de não entender a poesia. Mas será pobre dizer “gosto de ti”, quando, por agora, é a única coisa que tenho para te dizer?

Etiquetas:

Gatunos!

Quem for lobo que lhe vista a pele. Ou, a carapuça a quem lhe servir ou lá o que é. Futebol, sim.

Etiquetas:

9.4.07

Lei da Atracção

Leio na revista Veja, que uma tal de Rhonda Byrne, uma australiana cinquentona, é o novo fenómeno da chamada auto-ajuda. Depois do sucesso nos Estados Unidos, já é moda no Brasil e tende a estender-se ao mundo. E tudo por causa do “Segredo”. Em dvd e livro. A senhora já vendeu mais de três milhões, tá. O “Segredo é simples”: “pense muito, pense forte, pense certo, pense com sentimento, e o que você quer cairá na sua mão (ou no seu pescoço, se for um colar de diamantes, situação efetivamente encenada no dvd).” A isto chama-se Lei da Atracção. “Se você visualizar na mente aquilo que deseja e fizer disso seu pensamento dominante, atrairá o que quer para a sua vida.” Fácil e sem sacrifício.
Meninas, pensamento positivo. Sempre. E bem. Pensem e peçam. Acreditem. Sonhem alto, já agora, como diz a outra. Este é o lema. E nada de se juntarem a maus fluidos e a pessoas com pensamento negativo. Acrescentando ao “segredo”, pergunto eu, e se forem mais pessoas a pedirem para outra, dá resultado mais depressa? Proponho aqui uma corrente. Concentrem-se. “Queremos que a Tia Sémis ganhe o totobola ou totoloto.” Eu jogo nos dois para dar mais hipóteses. Vá, façam desta frase o vosso pensamento deste dia e dos próximos. Visualizem as férias… onde quiserem. Se der resultado passamos para o pedido de outra. Não se esqueçam. “Queremos que a Tia Sémis ganhe o totobola ou totoloto.”

Etiquetas:

Tens de fazer um

Páscoa. Fim-de-semana com a família do X. Entramos felizes e contentes na casa da tia mais velha. Cumprimentamos os tios e primos do X. Em cima da mesa enorme da cozinha a minha mousse de chocolate preferida, o meu pão-de-ló preferido, o meu pudim de café preferido. Quando me estou a atirar ao pudim, a tia Ju lança a tão esperada pergunta: "Então e vocês quando é que fazem um?" Ainda pensei que a tia se estivesse a referir ao pudim, mas não, estava a falar de filhos mesmo. Faço o sorriso 352, amarelo como de costume e tento mudar de assunto. "A tia tem de me dar a receita do pudim moca". Mas a tia não queria saber de pudins. Nem de mocas. A tia só queria falar de bebés. "Agora só faltam vocês!", atira a tia ao ar. E pronto, lá se foi a vontade de comer pudins e pão-de-ló. Não é todos os dias que temos uma mesa cheia de família e doces a olharem para nós à espera de uma resposta que, por mais que me custe, não consigo dar. Tento mudar de assunto. "Uma pessoa chega aqui e só come". Silêncio. A expectativa aumenta. Quatro tios, três tias, seis primos e muitos bebés a olharem fixados para nós (mais para mim do que para o X a acharem que a culpa é toda minha) e eu a engolir o meu pudim preferido a todo o custo. Até que chega a pergunta mais perturbante: "Já estás com que idade, Rascunho?" E aí o meu chão desabou. Entre mim as tias, os doces e os bebés um fosse enorme. Sim já estou "na idade" de ter filhos e daí??? Que interessa estar "na idade", se eu ainda não me sinto "na idade"??
Vou para perto da lareira. Sento-me. Ao meu ao lado a prima grávida de 8 meses. Perseguição. "Tens de fazer um bebé para brincar com a priminha", diz a prima a bater com a mão na barriga descomunal. "É um bocado incomodativo para o final, mas é uma sensação muito boa estar grávida", diz a prima toda inchada "Está a dar pontapés", exclama. A minha taquicardia aumenta. Será que um dia vou ter uma barriga daquelas enorme e inchada? Será que um dia vou ter um ser dentro de mim, tipo "alien" a dar-me pontapés e a esmagar-me os órgãos? Pânico é o que eu sinto só de pensar nisso. Muito pânico. Haverá doença para isto? Fobia à gravidez. É isso que eu tenho.
Tento fugir da mesa dos tios, dos doces, dos bebés, das grávidas e dos pontapés. Vou para a sala. No sofá está a cunhada a dar de mamar à bebé de 23 dias. Nesta casa não tenho escapatória possível. Em todo o lado há um bebé, uma grávida ou uma criança a chamar a atenção. Fico a olhar para a bebé a sugar a mamã da cunhada com uma velocidade impressionante. E a pergunta tinha de vir: "Quando é que fazes um?" A pressão familiar é tramada. Parece que combinam fazerem todos a mesma pergunta. Sorrio para não ter de responder o clássico "não sei" ou o já batido "um dia destes". A cunhada olha fixamente para a bebé. "Custa um bocado, mas é uma sensação tão boa dar de mamar. Quando tiveres o teu tenta dar-lhe leite de peito que é o melhor leite para os bebés", diz a recém-mamã feliz e disforme. "Leite de peito"? Será que um dia vou dar "leite de peito"? Será que um dia vou ter um ser a sugar-me as maminhas? Pânico. Muito pânico.
Vou para o jardim. Os miúdos estão a andar de patins. Peço uns emprestados. Há anos que não ando nisto, pensei. A Clara e a Sofia (11 e 9 anos) ajudam-me a equilibrar-me. Estou a conseguir. Já não me lembrava como era bom andar de patins. Vamos as três a rir quando ouço um tio a gritar: "Tens de fazer um para depois brincares com ele!". É claro que caí dos patins. É claro que não quis andar mais.
Passei o resto do fim-de-semana em zoobie a olhar para fraldas cheias de cocó amarelo, bicos de maminhas gretados, bebés a gritarem com fome, com gazes, com sono. Um fim-de-semana rodeada de miúdos aos gritos, a espancarem-se por tudo e por nada, a fazerem queixinhas a todo o instante. Um fim-de-semana com pais a discutirem porque "a menina tem fome" ou porque "ainda não mudaste a fralda ao menino" ou porque são seis da manhã e "a bebé já quer mamar outra vez". Um fim-de-semana rodeada de filhos e eu sempre a pensar no quanto é bom regressar a casa e não ter nenhuma fralda com cocó para mudar, nenhuma papa para fazer e nenhuma gritaria à minha volta.
Eu sei que não sei nada da vida e sei que deve ser muito bom ter filhos. Mas enquanto não os tenho também sei que é bom não os ter.

Etiquetas:

7.4.07

Carolina

Sempre pensei (e ainda me custa acreditar no contrário) que uma mãe ou um pai jamais conseguiria fazer os dois papéis. Continuo a reivindicar a presença do pai ao longo de todas as etapas da vida do meu filho mais novo e fi-lo sempre ao longo da vida da minha filha mais velha, nunca desisti! Sempre senti que a presença do pai é fundamental para o desenvolvimento harmonioso da criança nas suas diferentes áreas, acredito que a maneira distinta de como cada mãe/pai se relaciona com os filhos vai ser a base de como os seus filhos se vão relacionar posteriormente com os outros. Diferença = harmonia. Acredito nisto. Mãe é mãe e pai é pai!
Além disto, uns são homens e os outros são mulheres (esta frase de certeza que já foi proferida pela Lili Caneças), uma mãe sabe sempre a diferença entre uma doença e uma birra; o pai consegue ser implacável; uma mãe não cede a caprichos; o pai cede e ainda se ri; a mãe é mais terna e atenciosa; o pai brinca melhor…. Enfim, vocês sabem do que estou a falar.
A minha filha mais velha tem quase 16 anos, sempre viveu comigo e é filha de um pai ausente. É a pessoa mais doce e terna que conheço que conseguiu, sem diferença, a harmonia.
Admiro profundamente a minha filha Carolina.

PS: Desculpem, mas os blogs também servem para estas “coisas”.

Etiquetas:

Queremos este livro...


...e um Xaca-Zulo, por favor!

Etiquetas:

Será dos meus hormónios?


Andava eu à procura de um presente original para a minha afilhada (sim sou madrinha), quando me deparei com estes brinquedos(?), microfones(?), varinhas-mágicas(?) ou sei lá o que é isto da Hello Kity. Acham normal?

Etiquetas:

6.4.07

Desculpem mas sou contra

Tenho uma coisa para vos dizer. Eu sei que vos vai custar ouvir/ler, mas tenho de vos dizer isto: Sou contra o velhinho às quintas-feiras. Pronto, está dito.
Eu sei que vocês gostam dele, que ele até tem piada, que foi ele que inventou a expressão mundialmente conhecida: "fazem um carnaval de tudo", eu sei isso tudo, mas apesar disso tudo, sou contra o velhinho às quintas-feiras.
OK, eu até simpatizo com o personagem, até casei com ele e tudo, tudo bem, mas às quintas-feiras ele não pode ficar mais nos nossos jantares. Só se for amordaçado e amarrado à cadeira.
Já não se aguenta tanta letra de "black" engatatão, tanto "YouTube", tanto "Ali G", tanto "Gato Fedorento" e tanta "Liga dos Últimos". Como se isto não bastasse, ainda faz de senhora da linguagem gestual da RTP2, aquela que aparece em miniatura num quadradinho no cantinho do ecrã. Desculpem, mas não aguento!
E isto ainda é mais grave do que vocês julgam! O YouTube e as músicas foram de tal forma absorventes que me esqueci completamente dos meus TRÊS ÁLBUNS DE FOTOGRAFIAS que trouxe de casa da minha mãe só para vos mostrar! Tanto tesourinho deprimente para ver e nós a pastar em frente ao YouTube e à senhora da linguagem gestual.
Desculpem, mas o homem quando encalha, encalha. Não dá!

Etiquetas:

5.4.07

Nomes de pilas

Ricardo Sandoval, Machu Pichu, Shaka Zulu, Fabriccio, Tribufu, Bonaparte, Tutankamon, Epaminondas...
Riquezas, um beijinho à tia.

Etiquetas:

O nome e as “coisas”

No outro dia, numa conversa de gajas, uma das presentes sai-se com qualquer coisa blá blá “e a minha pachachinha”. Não ouvi mais. Sou gráfica. Tique de profissão. Visualizei na hora. Mulher, feita, com filhos, corpo desenhado, nua, com um pipi quase careca, imberbe, aqueles das ilustrações infantis. Deu-me voltas ao estômago. Pachachinha, não. Por favor. Ok. Pachacha, também não. É um bocado alarve. Demasiados às. Cona, pior. Buçal. Então que raio de nome havemos nós de dar à... à? Pipi é para as criancinhas. Pachachinha e palequinha, também. Paleca é zoológico. Cona... conas têm as que queremos rebaixar. Então, que raio? Vagina, d’us me livre. Não há palavra mais pornográfica. Vagina. Vá-gi-na é a da Gina. Já bastam os médicos mais a vagina e as criancinhas que saem por ela. Não. A “perseguida” como dizem as brasileiras. Brega, não? Xereca, Perereca? Demasiadas rãs, não vos parece? Coaxa, coaxa... a pachacha. Xoxota, Capô-de-fusca, Xibica. Já agora Chewbacca, não? Buceta? Us, também não dá, dão nome de gruta à coisa. Eufemismos, pior: borboleta, borboleta negra, passarinha, piriquita, rata, ratinha, nêspera, rosa... Rosa é que nunca. Nunca. Numa de gastronomia: amêijoa, berbigão, ostra, muito pior. Demasiado viscoso. Muito visual e feeeio. Coisa, coisinha. Nem pensar. Demasiado displicente. Lá em baixo, a coisa. Safa. Coisinha têm as coisas, que são tão coisas que não conseguimos nomeá-las. A coisa, aquela coisinha sem graça nenhuma, a lesma? Com rastro. Difícil, não? Nem me lembro como digo. Acho mesmo que falo “dela” sem a pronunciar. Coitada. Não damos nome à coisa. Lembrei-me do dicionário de sinónimos: bainha; vaso; pl. ervilhas. Eu em ponto de interrogação. Bainha? De imediato, a imagem do parto. Afinal o senhor doutor não estava a fazer uma manta de bilros, estava a fazer-me a bainha. Ou seja, a encurtar-me a saia para ficar mais compostinha. Socorro. Vaso. Vaso de plantas, flores. Plantar. Não. Lembra-me pôr flores na campa. Não a quero morta. Ervilha nem dá. Ou dá desta maneira: “larga-me a vagem", ou lá o que é. Vagem, vá-gi-na. Voltámos. A sério, não me lembro. Na intimidade todas nós sabemos. Mas, no social? Como falamos “dela”. Não lhe damos nome? Passamos por cima. Tratamo-la por você? Sem dizer você, claro. Caraças, está difícil. Mas eu quero um nome. Quero dar-lhe importância, respeito, prestar-lhe reverência. Vassalagem, até. Merece um nome. Merece ser nomeada. As “coisas” só existem quando têm um nome. Cremilde, Pancrácia, Margarida... nomes próprios pode dar asneira, enganos. Maçaroca, Tamanduá, Titchicaca, Fubá. E apenas pela sonoridade? Também não dá. Lá teremos que explicar o que é mandioca, e pior, porquê. Bolas. É muito mais fácil para eles. Pila. Pila é muito satisfatório. Uma palavra curtinha, sonora, simpática. Uma palavra macha. (lol) Alguma erectilidade. Personalidade. Perfeitamente funcional. Facilmente dita in and out doors. No Brasil, discordam, é uma "palavra feminina. Não fica bem ao pau.” E pica, que vocês também usam, é uma palavra quê? Caraças. Estou a desfibrilar. Voltarei ao tema.

Etiquetas:

O prazer da carne


Tenho que vos dizer que vocês são as melhores amigas do mundo. As melhores e as maiores. Graças a vocês desfibrilei-me hoje. Coisa que já não me acontecia há muito. Sim, desfibrilei-me e passo a explicar.
Vocês sabem que eu sou daquelas gajas que metem nojo sempre armada em pseudo-vegetariana, que é como quem diz, que só come vegetais e peixinho e comida saudável. Por isso mesmo vocês sabem que nunca cozinho carne. A não ser para as minhas amigas, claro. Vejam lá o amor que eu tenho por vocês! E foi precisamente por ter de cozinhar carne para vocês que fui, excepcionalmente, ao talho da minha rua - sítio que nunca tinha entrado na vida (cruzes com os dedos).
Pois bem. Por vós fui ao talho. E no talho desfibrilei-me toda. No balcão deparei-me com um mitra talhante com olhinhos a brilhar, pulseira de ouro e brincos à Cristiano Ronaldo que sorriu logo para mim. SIM, UM MITRA MUITA GIRO A TRABALHAR NA MINHA RUA E EU AQUI JÁ HÁ DOIS ANOS SEM SABER DE NADA! Santa ignorância. Ou melhor, Santa engrácia.
O mitra talhante, 25 anos no máximo, gel no cabelo também se desfibrilou ao ver-me assim desfibrilada. Vocês sabem que eu disfarço sempre muito bem estas coisas. (:-/) Em rodapé passava na minha testa: És bom comó milho! Neste caso, és bom comó frango (que eu fui comprar para vocês, amigas).
Contei-lhe que ia fazer um jantar para 5 pessoas, isto só para ele ter uma noção das porções de que eu teria de levar. Amigas, o gajo desfibrilou-se de tal forma que disse que se eu estivesse a levar frango a mais o meu "namorado" podia comer no dia a seguir. "Ou o namorado não gosta de restos?", perguntou a olhar para mim com aquele ar que só um mitra sabe fazer. A resposta saiu em forma de pergunta: "Está a tentar tirar nabos da púcara?" (Que é como quem diz tirar iscas ou bifes). "Foi só uma tentativa", resposta do mitra.
Vai daí ele riu-se e eu ri-me e, quando estava a passar as cortinas das moscas (não adoram o detalhe chunga?) olhei para trás e ele estava a olhar para mim a desfibrilar-se!
Pois bem, amigas, a partir de agora SÓ COMO CARNE! Vaca ao almoço, cabra ao jantar. Pato, borrego, tudo! Comida quê? Vegetariana? Credo! Nunca. Cruzes com os dedos.
Obrigada amigas por me mostrarem como afinal faz bem à saúde comer carne.
Hoje à noite cá vos espero. Ah, o menu foi alterado. Jantar: frango desfibrilado!

Etiquetas:

Quinta-feira Santa - Menu


Camarões vermelhos picantes com arroz indiano.
Frango exótico com salada verde e chutney de manga.
Nan, o pão, a acompanhar.
Sobremesa: Surpresa de lima.
Soa-vos bem?

Etiquetas:

4.4.07

O (des)concerto da platina



































Eu até queria ir ao concerto das CSS, mas as mais velhas disseram que afinal já não iam e eu comecei a “cortar-me” temendo que a Elle Driver me abandonasse nos seus périplos de repórter estrábica pelos bastidores do Lux.
O meu concerto ou (des)concerto começou mais cedo, ao fim da tarde, na rua, em frente à porta do meu prédio, com a minha vizinha Driver a ameaçar-me cuspir em cima por não ter opinião própria. “A culpa é das mais velhas”, argumentei em hipócrita cobarde e fugi. Mas as mais velhas afinal vieram e eu afinal mudei de ideias e afinal decidi ir também. Afinal eu sou assim. Cuspam-me em cima à vontade.
Mal chegaram foram logo dar no tapa na pantera, como se a vida fosse para toda a vida. E eu dei também. Fruting. Estão a ver aquelas pessoas que têm uma opinião sobre tudo, aquelas pessoas que convidamos para jantar no restaurante X e dizem logo: ”esse não que tem uma luz péssima”? Estão a ver aquelas pessoas cheias de certezas e opiniões? Que argumentam e discordam e fundamentam e levam a sua avante? Pois bem, eu não sou nada assim. Sou uma Maria-vai-com-as-outras. E eu fui.
Dez segundos depois (que na minha cabeça pareceram dez horas) estava na cozinha da minha vizinha em frente a uma mesa cheia de migalhas, papéis, talheres, chávenas, açúcar e com a platina a “desfalecer-me”. “Não podemos ir sóbrias para aquele concerto!”, dizia a mais velha já a desfibrilar-se também. A mais velha tinha razão. Só assim é que eu ia conseguir estar no meio da multidão sem atrofiar. Tapa na pantera. Fui. Fui e vi terreiros na casa da mais velha com fumo e músicas de feitiçaria. Vi “swachs” (os relógios) a andarem na rua em vez de “smarts” (os carros). Vi pés medievais (vi mesmo!) a fazerem de candelabro. Vi muita coisa. Tanta que o meu cérebro começava a desintegar-se. Estava incontinente cerebral. Era esse o meu problema.
“Café”, disse a tia. Café deve-me fazer bem, pensei eu. Café, café. E o café demorava eternidades a sair. “Esta é da boa!”, dizia a Driver a rir-se com o secador do cabelo em punho. O barulho da máquina do café, o barulho do secador do cabelo, o barulho do cd das CSS a tocar, o barulho das gargalhadas das irmãs mais velhas, muito barulho, mais um barulho e o meu cérebro rebentava. “Café”, serviu a tia. E o café saiu. E eu bebi o café na esperança que o tapa na pantera me passasse. Nada. De repente já estava nas urgências do São José, naquelas cadeiras de plástico deprimentes a ouvir o meu nome no altifalante: “Rascunho: dirija-se ao Raio X!” Nada.
Na sala da Driver atirei-me à bricolage, porque a noite ainda era uma criança e tínhamos de estar preparadas para o que desse e viesse. Na bricolage tudo era complicado. Não sabia onde estava a linha (desculpa mais velha), não sabia onde estava agulha, não dava com nada, mesmo que estivesse ali na minha mão. O meu cérebro tinha-se demitido das suas funções, mas eu insistia em fazer bricolage, enquanto não íamos ao concerto das “sexy chulas”, como dizia a mais velha, a única que não podia beber. Fruting.
“Mais uma e já não vamos a lado nenhum”, dizia a Tia tristíssima por ter de abandonar o sofá, que ainda por cima vira cama num instante. Telefone a tocar músicas polifónicas. Paco Rabane. Esté Lauden. Dolce Gabana, porra! Driver a atender telefonemas e à procura do cinzeiro com o cinzeiro na mão. Eu, a nódoa da bricolage, a rir-me dela. Mais telefonemas. Muitos telefonemas. Telefonemas que não eram das tias Ninis que ligam sempre nas horas mais impróprias. “Sim, sim, os bilhetes estão comigo. Estou a sair de casa,” dizia ainda sentada no sofá. “Mais uma e não vamos a lado nenhum”, balbuciava a tia entre os dentes.
“Máquina fotográfica! Vou ter de fotografar o concerto, não acredito!”, exclamava a Driver com o olho no visor. Gravador, caneta, papel. Tarde demais, esqueceu-se de tudo. Nada de importante. "Tens mais sorte que juízo", já dizia a minha mãe. Na parte de trás do carro da mais velha sentei-me na cadeirinha da criança a tiritar de frio. Pelo caminho batia o dente e a cabeça batia no tejadilho (afinal não sou assim tão baixa). Mas já não ia sair daquela posição de destaque, não fosse o arrumador do lux julgar que eu era tão anã como as minhas amigas (o que é a mais pura das verdades).
Dentro do lux pessoas conhecidas. Tapa na pantera. Pessoas que nunca vejo. Tapa na pantera. Pessoas que vejo às vezes. Tapa na pantera. Pessoas que nunca vi. Tapa na pantera. Pessoas que não quero ver mais. “Are iu tóki to mi, ior mai friend, mi frend ove iu.” A técnica da Tia é infalível. Sim, porque com o tapa na pantera falar com conhecidos é mais ou menos experimentar uma língua que não se domina.
Filas para casacos, muitos casacos, fumo, filas para o concerto, escadas, muitas escadas. Tudo escuro. Luzes. Gajos altos, gajas altas e eu 1m54, putas. Estrunfes, camafeus, ninfas fadinhas, elvis, vampiros, “xutos” e pontapés e eu ainda com o tapa na pantera. Fruting.
“É nestas alturas que não sei se vale a pena ir aos figos ou aos morangos”, disse-me um gajo de 1,90m a rir-se da minha altura. Tapa na pantera. “Vamos ao bar”, gritavam as mais velhas. Eu fui e atirei-me à água fresca que me sobe pela alma. E, quando o concerto estava mesmo mesmo para começar, voltei a mim, já mais calma, muito calma, calma demais até. O resto, a tia conta no post de baixo, pois a partir daí atrofiei “do" cérebro e no palco Cansei de Ser Sexy. Afinal fiz tudo ao contrário: depois de tanta coisa, estava sóbria no meio da multidão…

Etiquetas:

Fora do descanso. Uma noite hetero

Não sei a que mini-concerto vocês foram. Eu fui a este. Arrastada, diga-se de passagem. Não me apetecia nada ir. Mas, se o estupro é inevitável… relaxe e goze. E que se lixem os surfistas mal-parecidos, as fufas feias, o cheiro a cerveja, os piropos sofríveis, as piadas gastas, as luzes vermelhas, os cavalheiros de 1,90m a taparem o palco. É preciso entrar no espírito. Embora dançar. Embora abanar as cadeiras (quadris, em português do Brasil). E ao que interessa. O gajedo, que aqui não há paneleiros. Há que espiar as gajas actuantes. Feias também. Brasileiras, mas pouco. Nada de decotes, corpo moreno, coxas torneadas. Zero. T-shirts largas, cabelos despenteados, caras feias. Mas sorrisos largos. E há que explorar a plateia. Sondar as gajas, que a noite é delas. Interessam as gajas. Galam-se as gajas. Babam-se com as gajas. E, estranho, os gajos dançam, balançam. E está calor. E a música é má. E as letras hilárias. Mas dá para dançar. “I went to the beatch / The beatch was so hot / She came to me and said / Do you like the beatch, bitch? / The bitch said yeah.” A luz é vermelha, a luz é branca. Intermitente. Os corpos suados aparecem em frames descompassados. “Debaixo do lençol / Ele gemia em ré bemol.” “I’m over booking.” “I’m off the hook.” “Don’t piss in my holydays.” “I think I'm off the hook baby.” “Off the hook.” É preciso é dançar, pular. Diverti-me. Para mais, um dos cavalheiros de metro e noventa disse que esta vossa tia é que tinha a “dinâmica”. Seja lá o que isso for. Valeu, obrigada Elle. Queriam uma noite dedicada às gajas cheia de gajos giros? Também querem tudo. Contento-me como uma noite para as gajas, sem paneleiros. Estou farta deles a dar show e a serem o centro das atenções. CSS é que está a dar, e esta letra é para mim: “Hoje eu não vou sair de casa / Hoje eu não pisar na rua / Hoje eu não vou trocar de roupa / Não vou sair de casa / Hoje eu não quero ver a rua / Hoje eu não quero confusão / Hoje eu não quero ver pessoas / Não vou sair de casa / Hoje eu vou ficar ouvindo música / Hoje eu vou ficar aqui dançando / Hoje eu vou ficar aqui na minha / Eu vou ficar sozinha / Trim / Ah, não vou atender.”

Etiquetas:

Na minha altura não era assim!

Desculpem-me, mas depois de fufas, feios, surfistas, actrizes em decadência, música de merda e pouco alcóol, fiquei sedenta disto... Aqui vai!






























































Obrigada às 4 que conseguimos SEMPRE, SEMPRE divertirmo-nos.

Tia és a maior, o espírito para estas noites é mesmo “eu só me quero enturmar”.

Etiquetas:

3.4.07

Publicidade enganosa

Cadê o lambe-lambe? Vi o The Departed, todo, e nada? Que cena de sexo mais ranhosa é aquela. Um beijo. Melhor, uma aproximação ao beijo. (Boa cena, de facto) Mas, e agarranços, nu integral, puxões pela cabeça, posições picantes, palavras inconfessáveis? Nada. Ok. O homem até está tesudo. Mais gordo e mais velho. Gosto. Olhos negros, olheiras e muitas nódoas negras. Até tem tatoos. Mas, e o rabo, as pernas, os pêlos, close-ups? Nada. Melhor realização/realizador concordo. Agora melhor filme? E melhor filme porquê. Porque morrem todos, excepto o verborreico-mor, personagem que à partida é para antipatizar? O Scorcese merece/ia o Óscar, mas por qualquer um dos filmes anteriores. Valha-nos a mão que não treme de Leonardo DiCaprio, o vocabulário de Mark Whalberg e a semelhança entre o miúdo das sardas e Matt Damon. Isto de ver os filmes só em DVD tem este mal. A expectativa é alta. Da próxima vejo os Globos de Ouro.

Etiquetas:

Não pedinchem uma passa, fumem um cigarro

Conhecem aquela sensação de puro prazer, quando nos apetece mesmo, mesmo, um cigarro, e há sempre um energúmeno que nos pede “uma passa”? Uma passa. Uma passa daquele cigarro que nos está a saber mesmo bem. E tu dás, com pena. E o teu cigarro regressa, com o filtro empapado. E sabes que está molhado só pelo tacto. E ficas triste. Começas a falar com as mãos, para que o cigarro se vá mais depressa. Ou deixa-lo morrer no cinzeiro, sem que o crava se aperceba. E aqueles/as que nos pedem para provar do nosso vinho, ou beber da nossa água, e deixam um pingo a escorrer do copo ou, pior, a marca do batom. E aquelas que apresentam marcas recentes de herpes-labial? É dessas sanguessugas que falo. Tu, princesa R, podes fumar do meu cigarro e beber pelo meu copo sempre que quiseres.

Etiquetas:

What the fuck is this? III

MELHORES MOMENTOS 2006 - VILÃO
Cláudio Ramos em "Fátima"


Dão-se televisões em Alcabideche!

Etiquetas:

What the fuck is this? II

MÚSICA REVELAÇÃO DO ANO
Mickael Carreira com o CD "Mickael"


Acabou-se, sempre que disser mal da TVI também vou ter que dizer mal da SIC, está arrematado!

Etiquetas:

What the fuck is this?

GLOBOS DE OURO 2006 - melhor beijo

Etiquetas:

Cansei de ser sexy


Bora sair assim hoje à noite? Vá lá! Eu sou a das argolas! [R]

PS: Tenho medo delas... mas gosto do início da entrevista: "we like drink, and drink..." Vejam

Etiquetas:

2.4.07

Para vocês

Que seria de mim sem vocês!? Qual primpéran, quais remédios, quando tenho as trintonas e as quintas melhores do mundo! R. adorei o vídeo, S. adorei as minudências, D. adorei a frase “o Gui é lindo”... Enfim, ainda bem que fazem parte da minha vida. Adoro-vos suas malucas.

Etiquetas:

1.4.07

Para ti, Piranga



No outro dia fiz um post com sufistas só para a Elle Driver, a nossa jovem tia. Hoje, depois de ler as "minudências" da Tia S., não aguentei e tive que fazer um post dedicado à do meio que escreve bem comó caraças (já dizem os entendidos: no meio está a virtude!).
Por isso, quero aqui e agora dedicar este vídeo só a ti "maibelha", que andas lá fora no "Congril" a lutar pela vida!
Primeiro, porque sei que aprecias a comédia e a reinação. Segundo, porque sei que voltaste tooodaaa "estruííída" do fim-de-semana e precisas daquele miminho. Terceiro, porque tenho a certeza que o teu príncipe encantado vai ser assim: cheio de humor/amor e entender perfeitamente que quando tem de ser, tem de ser com muita força, entendestessss?
Repara bem: o loiro é o Justin Timberlake, o namorado da Camaron Diaz.

Etiquetas:

5ª Feira Santa

A próxima quinta é Quinta-Feira Santa MESMO!
Temos de fazer uma festa de arromba!

PS: Fazem um carnaval de tuuudooo!

Etiquetas:

Para a tia S.


Ainda não te disse, mas voltaste do Brasil mais confiante, mais gaja, mais tudo! Mas agora, por favor, ESCREVE! Gosto de ti :-) E mais uma vez desculpa-me fumar dos teus cigarros (ops!).

Etiquetas: